“Não sei porque é que se gastaram dois dias na recontagem dos votos para se eleger uma Vereadora… para agora dar nisto!”
Um deputado da bancada do PS na última Assembleia Municipal de Óbidos.
Ideias, conceitos, pluralismo, e outras coisas mais... condição única: made in Óbidos.
“Não sei porque é que se gastaram dois dias na recontagem dos votos para se eleger uma Vereadora… para agora dar nisto!”
Um deputado da bancada do PS na última Assembleia Municipal de Óbidos.
Associações Municipais - direcção é presidida por um vereador que não aufere qualquer verba remuneratória. Empresas Municipais - administrador executivo recebe 2.609,44 € euros mensais. (Aqui - descubra as diferenças, ou melhor, as parecenças)
A gestão das Freguesias, na sua maioria, está inviabilizada por falta de verbas. O presidente da Associação Nacional de Freguesias (ANAFRE) alertou hoje que, devido à perda sistemática de verbas pelas freguesias nos últimos Orçamentos do Estado, a maioria está "completamente inviabilizada". O Orçamento de Estado volta a não prever verbas para salários.
Quando há eleições fala-se sempre do poder local, da sua utilidade e importância. Unicamente para caçar votos e pôr a “plebe” a trabalhar para os senhores da política, quer de Câmaras quer nacionais.
Não haverá autarcas a mais, num país tão pequeno? Dever-se -ia fazer um reordenamento do território com muito menos freguesias e Câmaras. Mudar a lei autárquica em que consagre aos vereadores da oposição um salário digno e se reduzisse drasticamente a Assembleia Municipal. Transformar muitas freguesias em lojas do cidadão, prestando serviços às pessoas dessa terra. Mas em Portugal todos gostam de dizer que têm um lugar e são 61.633!
Presidentes de Câmara – 308
Presidentes de Junta de Freguesia - 4259
Vereadores – 2046
Deputados municipais -6885
Membros de junta de freguesia 13.646 (secretários e tesoureiros)
Membros das assembleias de freguesia – 34489
Tanta e tanta gente! Mesmo respeitando o poder local e achando-o necessário, deve ser rentabilizado numa política de efectiva proximidade. Acabe-se com muitas Freguesias e Câmaras. Há freguesias que pelas suas dimensões devem tornar-se Câmaras, há Câmaras que devem tornar-se freguesias e outras pura e simplesmente desaparecer.
Faça-se uma singela homenagem aos nossos deputados da Assembleia Municipal de Óbidos que, eleitos há quase um ano, ainda não receberam as senhas de presença. Neste caso, a culpa não é do Orçamento do Estado!
O Complexo Escolar dos Arcos, em Óbidos, foi reconhecido pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico) como um edifício exemplar e irá figurar no compêndio que distingue os melhores edifícios escolares do mundo.
O complexo escolar dos Arcos, um projecto do arquitecto Cláudio Sat, foi escolhido entre 166 projectos de edifícios escolares exemplares, candidatados por 33 países.
O complexo inaugurado em 2008 com um novo modelo de escola aberto à comunidade, vai figurar no 4º. Compêndio de Instalações Escolares Exemplares, que será publicado em Setembro de 2011.
Apesar deste reconhecimento, em termos de ranking das escolas ainda não deu o pulo necessário… o edifício só por si não é condição sine qua non para um bom desempenho escolar.
O nosso Presidente afirmou ao “Publico”: “A Câmara Municipal de Óbidos está a desenvolver um projecto de videovigilância para o centro histórico e parques de estacionamento da vila com o objectivo de reforçar a segurança dos moradores, turistas e património”.
Claro que essa decisão estará sempre sujeita à aprovação da Comissão Nacional de Protecção de Dados. A videovigilância só por si não resolve em nada a criminalidade, apenas produz um falso sentimento de segurança. Será que alguém pensa que quem queira assaltar uma loja, ou vandalizar o património edificado, ou outro qualquer tipo de crime, não o faz por causa das câmaras de filmar?
Não seria melhor promover o “repovoamento”, promover a vida do centro histórico? Parece que não existe historial de grande criminalidade e que as estatísticas até demonstram que o centro histórico de Óbidos, no que concerne à criminalidade, quase que poderá ser considerado uma “maravilha”, mas, como forma de acautelar, defende que se liguem as câmaras de filmar. Pergunto, não seria melhor dar mais meios humanos e materiais à GNR a começar pelos veículos automóveis ao seu serviço? Esses sim, capazes de actuar rapidamente e de efectivamente dissuadirem a criminalidade.
Parece existir um género de fetiche pelo espaço público do centro histórico, por um lado “obriga-se” os seus habitantes maioritariamente idosos a refugiarem-se em casa das invasões, a ouvir vezes sem conta músicas “natalícias” ou “medievais” ou “chocolatadas”. Agora terão que ter cuidado com as suas janelas, com quem recebem em casa, como estacionam... É que esta é, quer queiram quer não, a outra face da moeda e talvez a única. A nossa liberdade passa a ser mais limitada, e a verdade é que quase todas as ditaduras começaram por assentar numa promessa de maior segurança, sempre em troca da perda de alguma liberdade.
Relativamente aos parques de estacionamento, poderão ter um papel importante na altura dos eventos, pois todos sabemos da quantidade de assaltos que ocorrem nessas datas, apesar do todo o empenho das forças de autoridade.
Vamos todos de ter cuidado com as montras que olhamos (restaurantes e produtos regionais (?)), como os desvios “acidentais” para não encontrar quem não queremos ou não nos apetece falar e teremos, por ventura, de moderar os nossos cumprimentos a correligionários ou adversários políticos para obviar a suspeitas conspirativas.
Confesso que vou fazer o meu melhor para não ficar mal na fotografia, apesar de saber que não sou fotogénico e que não corro o risco de vir a ser recrutado por nenhuma empresa de casting. Mas, caramba, também não quero ficar muito mal na apreciação do senhor agente que na régie segue atentamente os meus passos e faz as gravações.
Os giros da GNR serão substituídos pelo “olho” do big brother, com a sua deslocalização para o novo quartel a construir. O Sr. Presidente pensa em tudo e encarrega-se de resolver os problemas. Se não resolver nada ele virá explicar que há um problema de lentes, da câmara ou dos óculos do agente que não permitiu salvar o centro histórico do crime, do vandalismo e da destruição.
Vamos, portanto, ser presenteados com o “espreita”, custe o que custar, a sua instalação e a sua manutenção, depois vem sempre o choradinho que não há dinheiro para políticas de urbanismo e revitalização do centro histórico.
Se tudo correr bem, iremos ter uma prenda lá pelo Natal. Não sejamos mal agradecidos.
Câmaras na rua para filmar os cidadãos - mas como o sistema não será implantado nos Paços do Concelho - trancas na porta para esconder os autarcas.
Não se esqueça de olhar para a câmara e de desviar os olhos da Câmara…
A proposta de aumento do preço da água enche os noticiários dos jornais e das televisões.
Para o escalão mais baixo o aumento será de 19,5%!...
Mais um escândalo a adicionar à aberração já existente, que é, na factura da água, o valor do consumo ser acrescido de 56.6% de taxas!...
Vejamos uma factura com um total de 20,17 euros. Destes, 8,76 euros referem-se a consumo de água de 14m3, sendo 5m3 no 1º escalão 2,10 euros e 9m3 no 2º escalão 6,66 euros e 11.41 euros a taxas e impostos.
Com efeito, sobre o total do consumo (8,76 euros), foram adicionados:
a) 4,62 euros, ou seja, 22,9%, tarifa de saneamento
b) 3,08 euros, ou seja, 15.3%, tarifa de resíduos sólidos
c) 3,00 euros, ou seja, 14.9% quota de serviço
d) 0,71 euros, ou seja, 3,5% de IVA.
Pagamos a água e tornamos a pagar, agora com taxas, o serviço que já pagámos com outros impostos.
Enfim, com o aumento do preço da água, mais um aumento de impostos. Basta!...
Nesta época em que os bombeiros voluntários lutam abnegadamente contra as chamas, galgando serras e montes, noites sem dormir, expostos dias e dias ao braseiro combinado do sol e do fogo, em constante perigo de vida, muito lhes devemos, prontos que estão para acudir a algumas das mais críticas fases da vida de todos nós: no nascimento, na doença, no acidente, qualquer que seja, mesmo na morte. Os bombeiros estão lá sempre. Muitas vezes mal apoiados, tantas vezes deficientemente equipados, sempre sacrificados, mas permanentemente homens e mulheres de boa vontade. Não aparecem nas televisões, não dão entrevistas nos jornais, não têm voz pública. Limitam-se a trabalhar em prol de todos nós.
Que contraste com as figurinhas e figurões de incontáveis organismos públicos muito competentes, bem ataviados nos seus uniformes bem vincados e bonés a condizer, que inundam as televisões, debitando generalidades sobre os teatros de fogo, sobre as estratégias no terreno, sobre a superior coordenação das operações, sobre a eficácia da luta empreendida. Atiram estatísticas, enumeram os "canadairs", contam os helicópteros, ligeiros e pesados, comparam com o semestre, o mês ou o dia homólogo do ano anterior. Sob a sua prestimosa acção, não há fogo que não esteja em vias de ser controlado, dominado ou mesmo extinto. Mesmo que as labaredas continuem mesmo ali à nossa frente. Cobrem-se de ridículo.
Autarquias vão pagar menos pela recolha e tratamento de resíduos
Com a fusão, parte dos resíduos dos concelhos da região Oeste passam a ser incinerados na Central de Valorização Energética da Valorsul, reduzindo a quantidade de lixo no aterro sanitário localizado no Cadaval.
Os municípios do Oeste vão ter a sua factura de tratamento dos lixos reduzida quase para metade. Estava previsto que as câmaras municipais passassem a pagar 38 euros por tonelada de resíduos a partir de 2010, mas com esta mudança o custo baixa para os 21 euros por tonelada.
Para já, os municípios irão ver a factura reduzir de 38€ para os 21€ a tonelada.
Será que os munícipes também irão ser contemplados de igual modo na factura da tarifa dos resíduos sólidos?
Aguarde-se para ver…
Quando a aberta esteve praticamente fechada, ou mais recentemente quando se deslocou para norte pondo em risco o emissário, ninguém o viu empunhando a cana.
Pelo aspecto jovial da fotografia (retirada daqui) era naqueles tempos idos em que se pescavam robalos na aberta.
Depois do estrondoso sucesso que fez durante o Mundial de Futebol acertando em todas as previsões que fez relativamente aos resultados dos jogos, o mais célebre de todos os polvos da História reformou-se da actividade de oráculo. A notícia foi dada pelos responsáveis do Aquário Sea Life de Oberhausen, na Alemanha, onde Paul vive desde tenra idade. O porta-voz daquele aquário esclareceu que Paul não desempenhará mais qualquer tarefa relacionada com os seus dotes de adivinho, “referentes a futebol, a política ou economia. Paul foi devolvido ao oceano para gozar em liberdade o resto da sua vida.
Para azar do polvo, a viagem foi interrompida e a sua liberdade ficou presa no anzol deste pescador com sorte.
Como todas as famosas pescarias correm depressa, os responsáveis pelos municípios que ladeiam a lagoa apressaram-se a reclamar o Paul. Afirmam que só foi capturado graças a manifestação em prol da lagoa e, como só os políticos sabem fazer, de imediato decorreu uma negociação a três. Sabendo dos dotes de adivinho, imediatamente o colocaram num aquário para saberem o futuro…
Apesar da empresa, com o seu habitual secretismo, nunca ter divulgado o projecto, Gazeta das Caldas apurou que esse investimento se centrava na electrificação e instalação de sinalização electrónica, não estando contemplada qualquer variante da Malveira a Lisboa que tornasse realmente o Oeste mais próximo da capital através do modo ferroviário.
Além deste projecto, praticamente todos os investimentos previstos para arrancar este ano, foram suspensos pela Refer, alguns dos quais já se encontravam com concursos públicos concluídos e em fase de adjudicação dos trabalhos.
A Refer informou ainda o governo que um estudo destinado a avaliar a rentabilidade da linha transversal Caldas da Rainha - Rio Maior - Santarém concluiu pela sua não viabilidade. Gazeta das Caldas pediu à empresa uma cópia desse documento, mas não obteve qualquer resposta.
Tanto a modernização da linha do Oeste como a via férrea de Santarém às Caldas, tinham sido promessas acordadas e assinadas entre o governo e os municípios da OesteCIM.
"Só quem acreditou pode ficar desiludido"
O presidente da Câmara de Óbidos diz que "só quem acreditou no que se estava a fazer pode hoje estar desiludido", ironizando que "houve até quem achasse que eu estava a fazer uma birra, mas, pelos vistos, eu não tinha razão e tudo se vai fazer".
As populações do Oeste perguntam: onde estão as contrapartidas negociadas pelos seus autarcas, como contrapartidas pela perda do Aeroporto da Ota?
Será que uma birra colectiva tem mais poder negocial?
Todos sabemos que esta linha continua no passado… (Aqui para saber mais – Linha do Oeste, fotos e texto de João Pedro Joaquim)
Consultando as ultimas noticias “OBI com horário de verão”.
Estas coisas podem acontecer. Enquanto não for rectificada, aqui poderá consultar o horário, ou faça pesquisa no portal da CMO.
A redução do estacionamento na Aldeia dos Pescadores está a gerar a contestação dos moradores e comerciantes do Bom Sucesso, Óbidos, que exigem ao Instituto da Água (INAG) a rectificação da obra, que o Instituto assegura estar conforme projectado.
A obra, da responsabilidade do INAG, implicou um investimento de 453 308 euros e contemplou a requalificação do parque de estacionamento e criação de um passeio pedonal de acesso à praça central, onde a circulação automóvel e o estacionamento foram condicionados e esteve em consulta pública mas não obteve qualquer contestação dos actuais intervenientes.(Aqui para continuar)
Depois dos esforços desenvolvidos pelo Município de Óbidos no sentido de reforçar a segurança em toda a zona do Bom Sucesso, inaugura na próxima quinta-feira, 15 de Julho, o Posto Sazonal da GNR de Óbidos. Esta estrutura tem como objectivo dar mais segurança a todos os turistas e residentes que, por esta ocasião do ano, se deslocam àquela zona do concelho de Óbidos.
O Posto Sazonal vai estar aberto 24 horas por dia e vai fazer policiamento em toda a área de praia e zonas habitacionais envolventes. Nos dias de maior fluxo de turistas, a GNR vai ainda colocar no terreno equipas de BTT.
Esta estrutura, a funcionar no edifício da Casa da Praia da Câmara Municipal, no Bairro 15, no Bom Sucesso, abre ao público às 8 horas da próxima quinta-feira e estará no activo até ao final de Agosto. No entanto, caso o número de turistas se justificar, este Posto Sazonal poderá prolongar o seu período de funcionamento para o mês de Setembro.
Em terra teremos a GNR de Óbidos, mas por mar teremos...
Isto sim, traduz o sentido da criatividade e empreendedorismo. Pagar 40€ por cada bandulho nobre (aqui para saber) ou uns míseros 3 e 5€ (single /casal) para deleite da plebe?! (Aqui para visualizar)
A autarquia de Óbidos prepara-se para produzir o famoso “Licor de Ginja de Óbidos”, muito apreciado há décadas por quem visita a “Vila Medieval”. Segundo o vereador* Humberto Marques, a produção de licor de ginja pela autarquia “esteve mesmo para ter início este ano”. Humberto Marques justifica a medida com o “apoio aos produtores de ginja fruto, que foram incentivados pela autarquia nos últimos anos a plantar novos pomares, e, pela necessidade de criar uma economia de escala, de modo a internacionalizar a ginginha de Óbidos através da exportação”.
A apresentação do rótulo aqui divulgado, em estudo muito primário, terá uma composição gráfica aonde as ginjas serão a essência deste néctar dos deuses muito apreciado pelos mortais.
Embora a prometida fábrica de chocolate ainda não esteja a fabricar os já famosos copinhos de chocolate, estas malandrices de Óbidos (aqui para visualizar) poderão ser uma alternativa e certamente a Câmara Municipal vai equacionar essa oportunidade única e possivelmente “agarrar” no artesanato das Caldas para dinamizar mais um produto regional.
*Actual Vice-presidente e, como dizem os políticos, o futuro… a Deus pertence.
Por vezes questiono-me de se estamos vendo as coisas desapaixonadamente, ou se, inconscientemente, fazemos como aquelas mães de crianças verdadeiramente horrorosas, que nem sequer se podem considerar como saldos de fim de estação, e para elas são as mais lindas da urbe e arredores. Não há nada que se compare ao amor de mãe!
O viver dentro da vila e tentar valorizar o que se tem feito ao longo de décadas, sempre influenciados pelas directrizes e desejos da capital, quando não pelas vistas curtas ou fantasiosas dos responsáveis locais, causa momentos de descrédito, de triste melancolia por sentir que o cidadão anónimo não tem graus de liberdade suficientes, já não digo para alterar a situação, mas de nem sequer ter a possibilidade de apresentar e argumentar um ideário. Como é de prever, isto passa. Basta a sábia decisão: que se lixem! E regressamos à tranquilidade de espírito. Bem bom!
Ontem, porém, surgiu uma situação em que, mais uma vez, evidenciou uma das carências com que Óbidos se depara para poder ser considerada um pólo de atracção turística. E nem sequer é algo que se desconheça, pois que na verdade estamos mais que sabedores.
Um casal jovem nos abordou pedindo que os orientássemos para um local idóneo onde poderem tocar ao vivo, um café, um restaurante, uma discoteca, qualquer local onde houvesse uma quantidade de gente bem disposta. Ficamos sem saber o que responder. Cada um de nós foi dando palpites que tivemos que abandonar por não se enquadrarem no que aqueles jovens desejavam encontrar. Fui passar a pergunta a gente que sendo de aqui, pertencem a uma geração mais perto da dos músicos Tampouco ajudaram, pois ficaram tão mudos e desorientados como nós. Entretanto aquele casal mostrava a sua incredulidade, pois tinham-se deslocado até Óbidos induzidos pelo que leram nos guias turísticos, julgavam que estavam na gema do ovo.
Nem sequer nos passou pela ideia os enviar para o baile das solteironas, viúvas e divorciadas.
Que Óbidos é uma terra morta, ou moribunda, que a animação esporádica é artificial, que os visitantes que se decidem, incautamente, a fazer algumas dormidas nesta terra ficam mais perdidos do que um esquimó no deserto de Sara, já o sabemos desde sempre, e pior nos meses fora do pico Julho/Agosto. Assim como sabemos que nada se tem progredido neste aspecto.
Passem bem.
Virella
Dizem-nos que para cuidar da nossa saúde, especialmente do coração, além de evitar paixões e comezainas, convém andar a pé. Nem sempre nem nunca, mas hoje tive uma oportunidade inesperada para tratar do meu corpo, e com a ajuda de uma série de desconhecidos, a quem devo agradecer os seus cuidados.
Vou explicar melhor. Fui deixar o meu carro numa garagem no bairro da Senhora da Luz, onde se prontificaram a me transportar até à Vila. Não aceitei por um optimismo descabido. Pensei que àquela hora passariam muitas viaturas em direcção a Óbidos e era quase certo que algum condutor aceitasse dar uma boleia a este velho. Efectivamente passaram muitas viaturas, carros ligeiros, carrinhas, furgões, de tudo menos carroças de bois e burros com albarda, (não contei os sem albarda) mas o meu dedo polegar esticado para o céu não convenceu ninguém, de modo que, vendo o nível de civismo que corre (sim, porque correr, corriam, e muito. Cheios de pressa) pelas nossas estradas, optei por seguir os conselhos do Dr. Fernando Pádua, mais o seu lacinho. Cheguei, são e salvo, suado e cansado.
Mas o passeio, além de salutar, foi proveitoso noutros aspectos âmbito da saúde, já que o andar a pé nos da mais possibilidades de ver, mesmo ver, como o nível de civismo da cidadania anda muito rasteiro. Bermas e campos adjacentes à via asfaltada estão pejados de lixo, e não só plásticos de todo tipo, mas inclui roupas, detritos, carros podres, etc.
Aqueles voluntários que, meses atrás, fomos dar o nosso humilde contributo na limpeza do concelho, ficamos cientes de que era uma tarefa hercúlea e desprezada pela maioria comodista e desleixada. Tivemos a prova cabal quando, pouco tempo depois, uma iniciativa proposta no seguimento da anterior, teve uma adesão praticamente nula, e merece ser apontado o desinteresse com que as escolas, ou melhor a direcção das mesmas, olharam para estas acções. É provável que as aulas práticas de sexologia a que dizem se dedica ufanamente um professor voluntarioso, tenham mais sucesso.
Avançando no meu percurso vi outra situação interessante. As margens do Arnoia estão, pelo menos na zona próxima à linha do caminho-de-ferro e das estradas municipais que por ali existem, muito colmatadas de vegetação, em especial canas, que se por um lado seguram os taludes, por outro obstaculizam o escoamento das águas em ocasiões de forte pluviosidade. Por experiência vivida posso afirmar que as pontes, ou obras de arte equivalentes, são uns dos pontos mais atreitos a que se produzam entupimentos, verdadeiros tampões que retêm a corrente de água que devia escoar livremente. Suponho que, como habitualmente, não há nenhum responsável à mão que se encarregue de vigiar esta situação. Ou melhor, não basta vigiar, é pertinente limpar os leitos das ribeiras, como simples precaução.
A subida para a Vila é o lanço mais penoso. Até chegar à meta do prémio da montanha o corpo geme e sua. Mas dá para ver que existe, pelo menos um, lanço de muro de contenção que abateu, e que as terras começaram a invadir o piso asfaltado. Por sua vez, este pavimento, apresenta uma grande quantidade de fissuras longitudinais, consequência do abatimento das camadas inferiores, apesar dos grandes cuidados técnicos que se fizeram quando se decidiu abrir esta via (?). Quem a fez deve ter tirado o curso num sábado, como já se tornou hábito entre nós.
E já dentro do burgo presenciei aquilo que era de esperar, apesar de que não teve as funestas consequências previsíveis. Uma ambulância, dos bombeiros de Óbidos, que não de Santa Comba ou outra povoação que desconhecesse a rede viária existente no interior da Vila, já carregando o doente a quem veio acudir, encontrou-se engasgada, impossibilitada de avançar, no meio da rua Josefa de Óbidos, dado que a via está maravilhosamente ocupada por esplanadas.
Como dizem, e bem, que o bom é inimigo do óptimo, ou vice versa, recordei que devido á brilhante decisão do presidente da Câmara de Lisboa, Eng.º Abecassis, de instalar explanadas na rua do Carmo, foi impossível acudir, com os meios pesados pertinentes, quando se deu o incêndio do Chiado. Se não é aconselhável aguardar a que roubem a casa para colocar trancas na porta, pelo menos aprenderam a lição e de imediato repuseram a possibilidade de trânsito naquela via, pelo menos para emergências.
Passem bem, e não se ralem (uma recomendação desnecessária)
Virella
Neste domingo, às 18h40’ apareceu um comentário neste espaço que, sem ser totalmente original, apresentava localmente aquilo que poderia ser uma semente disposta a germinar. O maior obstáculo que a ideia que lançou este anónimo está, sem qualquer dúvida, em conseguir um reduzido grupo inicial, onde figurassem alguns cidadãos idóneos, possíveis lutadores convictos, dispostos a vencer o compreensível medo de represálias, resguardados pela força do grupo, e aptos para sacrificarem horas do seu descanso, bastantes e continuadas, para organizar e multiplicar o aglomerado de gentes dispostas a tentar uma mudança pela via democrática. No início seriam menos de meia dúzia, mas se fossem convictos não descansariam até serem muitos.
Logo pelas suas linhas, pré estatutárias, eu fico de fora, não só pela idade mas, principalmente porque, como estou farto de repetir, não sou de cá. Por isso mesmo se entende que não estou a tentar manipular ninguém para meu benefício.
Seria uma tarefa de homens (e mulheres), mas não ao jeito da Maria da Fonte, pois não se concebe um assalto com podões e gadanhas, forquilhas e foices. Entre os “conspiradores”, - e escrevo isto entre comas precisamente porque uma iniciativa destas, para ser bem acolhida pela população séria e bem formada, não deve cheirar a conspiração – é natural que surgissem alguns com capacidade de liderança e de organização, que se encarregassem das tarefas indispensáveis que seguem às conversas nos cafés e associações.
Neste momento isto parece uma utopia absoluta, sem pernas para andar, mas a derrota social dos partidos políticos tradicionais, com os seus aparelhos, boys e compromissos de toda ordem, é evidente em todo o mundo ocidental. Entre nós bastaram pouco mais de trinta anos de democracia após ditadura, para que se atingisse o estado de putrefacção que afasta a cidadania. Sem esquecer que é este seu alheamento continua a oferecer-lhes, em bandeja, o terreno livre para se locupletarem sem rebuço. Depois de se sentarem já se sabe que não serve de nada lamentar-se e criticar.
Pessoalmente duvido que a população deste concelho possa mostrar ao país que tem mais ousadia do que aquela que vos atribuem (que não deve ser muita, ou nenhuma mesmo). Muito satisfeito ficaria se visse arrancar com esta iniciativa, que não é minha, mas do anónimo.
Virella
Poucos dias atrás utilizei esta mesma expressão, aportuguesando de um modo excessivamente galhofo, mas o texto de hoje pede, quase que por necessidade imperiosa, que o retome. Desta feita com todos os matadores.
Para facilitar a entrada num escrito que antevejo será enrevesado, adiantarei que a ideia é a dificuldade que o observador pode sentir em conseguir que aquilo que ouvimos da boca de um indivíduo/a determinado se encaixe com o que faz. Não é raro que as duas facetas não se correspondam e se, numa primeira conclusão, podemos ser levados a concluir que nos estão a enganar, que aquilo é falso, eu, com uma dose de ingenuidade e dando o aconselhado benefício da dúvida, ainda posso aceitar a hipótese de que a tal pessoa nem sequer tem aquela duplicidade de um modo premeditado, ou seja, que ele não se consegue identificar.
Suponho que um dos grandes problemas existenciais que uma pessoa pode ter será o de não conseguir definir-se intimamente com clareza; o de ficar numa pertinaz indecisão sobre si próprio. O hábito orientou-me os dedos para escrever como se o assunto se restringisse ao homem, o macho da nossa espécie, mas honestamente creio que devemos, também nisto, considerar que a mulher deve ter iguais ansiedades. E caso não as sinta, mesmo que sofra por outras, melhor para as nossas companheiras na Terra.
Um planeta que hoje podemos ver como uma grande Arca de Noé, uma nau espacial na qual navegamos num rumo que nos é determinado pelas forças da natureza, mas que os tripulantes em vez de fazer o possível para guardar todas as espécies, vamos deitando pela borda fora aquelas que, por vezes, não só não nos incomodam como até nos fazem falta.
Retomando a caminhada. A indecisão pessoal, aquela cuja existência não nos atrevemos admitir, e muito menos dar a conhecer, pode centrar-se em diversos caracteres, desde a sexualidade ao envolvimento político-social.
Neste momento não pretendo dissertar sobre as questões ligadas ao sexo, apesar de serem muitas mais do que aquelas que tem estado nos cabeçalhos recentemente. Só deixarei a pista, que todos conhecem, da influência muito intensa que, neste campo, tem tido não só a educação recebida, como o agressivo espectro de preconceitos e rejeições que existem na sociedade. É velho e novamente actual, o tema da homossexualidade. Precisamente por se falar tanto neste tema sinto que ofusca a existência de outras muitas situações problemáticas neste campo. Sem ser exaustivo deixo alguns dos chamados desvios sexuais que sempre podem conduzir a um estado mental traumático quando exista a tentativa de combinar os instintos e o raciocínio. Existem dezenas de obras, umas mais ligeiras e outras mais aprofundadas, que vos podem elucidar acerca destes vários impulsos, desde a infidelidade compulsiva, a necrofilia, o bestialismo, ao voyeurismo, a pedofilia, a frigidez, o fetichismo, etc. Todos eles são temas desagradáveis e que, se os pretendemos tocar seriamente, nos é habitual fazer com bastante reserva, com recato ou sigilo.
Menos agressivo, sob o aspecto da moral social politicamente correcta, é precisamente o campo da política, no qual eu punha a mão sobre o lume convencido de que todos temos alguma experiência sobre o que me levou a escrever.
Deparei-me, nesta vida relativamente longa, com várias pessoas que me deixam a impressão, a que já me referi linhas atrás, de que não sabem a quantas andam. Para esta análise é indiferente o ponto de partida sob o qual tentamos comparar o dito e o feito. Num mero exercício académico imaginemos um sujeito que sabemos, sem dúvida alguma, que o seu comportamento está orientado para o mais acérrimo conservadorismo, que, sendo coerente, jamais o ouvimos advogar com convicção sobre os excessos que, por parte de quem mais ordena, exerçam sobre as camadas mais desfavorecidas; que nunca lhe ouviremos referir uma repulsa credível sobre um caso concreto que penalize um desgraçado, mas tampouco vemos que este íntimo o coiba a se apresentar como um apoiante cego de um socialismo, teórico e desnatado, que de uns anos a esta parte se move com excessivo à vontade entre nós.
O inverso também é possível de se observar. Há quem se bata pelos mais desfavorecidos, sem pretender outra gratificação do que aquela que o seu íntimo lhe proporciona, por considerar que está fazendo o bem de um modo totalmente altruísta, desinteressado, com aquela humanidade que julga, e com razão, que devia ser o modo de comportamento normal. Mas pode acontecer que conhecendo bem esta pessoa se saiba que na sua essência é um conservador total, instintivo. Não podemos, a meu critério, julgar mal uma pessoa com este carácter, embora também no seu caso exista uma dualidade na personagem.
Aos meus incógnitos seguidores um aviso: nunca pensem tentar esclarecer alguém em quem apreciem de que apresenta os sintomas que esquematicamente aponto. Jamais lhe agradecerá, e perderá um possível amigo ou simples conhecido. Fique-se com a noção de que as pessoas só muito raramente mudam de modo de ser. É mais fácil deixar de ser incitador da ocupação de propriedades e passar a sentar-se no outro sector do hemiciclo do que alterar o instinto.
Sinto que não devo terminar sem um apontamento vivido. Não é nada de extraordinário que, depois de batalhar pelo bem de pessoas que se encontram em patamares inferiores, estes nos “mordam a mão”. O rifoneiro diz, ao respeito: Cria o corvo, tirar-te-á o olho.
Passem bem, e não aqueçam a cabeça. Ponham uma chapeleta.
Virella
enviar e-mail para: joobidido@gmail.com