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domingo, 2 de maio de 2010
Preocupante…
O que mais nos assusta no actual estado a que chegámos é que não há ninguém que saiba como resolver isto.
5 comentários:
Anónimo
disse...
Eu até acredito que se encontre alguém que seja capaz de resolver o problema... O pior é que não nos conseguimos ver livres de quem nos continua a empurrar para o buraco, tão depressa e depois pode ser demasiado tarde... Agora o que eu gostava mesmo, é que fosse aprovada uma Lei no Parlamento que permitisse que pudessem ser pedidas responsabilidades criminais (as políticas na maior parte das vezes pouco os afectam, porque ou já se encheram, ou ficam bem encostados...)a quem nos coloca nestas situações...mas nessa não caiem os deputados... Mas uma coisa é mais que certa...colocar Portugal no caminho certo, vai custar muito suor, muitas lágrimas e desejo que não também... algum sangue...!!!
Concordo e apenas acrescentaria deveria existir um tecto para o salário máximo e reformas – acumular diversas reformas com vencimento deveria ser considerado crime.
Recentemente, o Ministério das Finanças mandou vários autarcas com a acumulação de administradores não executivos na empresa do Metro repor os salários recebidos desde 1 de Janeiro de 2007. Além de Rui Rio, terão também de devolver os respectivos salários, enquanto administradores não executivos da Metro, Marco António Costa (vice-presidente da Câmara de Gaia), Mário Almeida (autarca de Vila do Conde) e Valentim Loureiro (presidente da Câmara de Gondomar). A Junta Metropolitana do Porto pronunciou-se na quarta-feira sobre o assunto e garante que os autarcas com cargos na Metro do Porto "não cometeram nenhuma ilegalidade". Considera a decisão do Ministério das Finanças relativa à devolução das remunerações "um ataque indiscriminado e totalmente injustificado".
A primeira duvida que me fica é a de saber para que raio servem administradores não executivos no Metro do Porto? A segunda constatação é ver esta gente, tão empenhada politicamente em gritar aos sete ventos na necessidade de o Estado reduzir as suas despesas e que tanto defendem a perda de direitos e salários para os trabalhadores se indignem tanto quando mexem nas suas mordomias. Pagar a outros, salários mínimos e subsídios de miséria são desperdícios, enquanto para eles a acumulação de benefícios, reformas e outras indignidades são o pagamento justo pelo seu trabalho e mérito.
«Ordinariamente todos os ministros são inteligentes, escrevem bem, discursam com cortesia e pura dicção, vão a faustosas inaugurações e são excelentes convivas. Porém, são nulos a resolver crises. Não têm a austeridade, nem a concepção, nem o instinto político, nem a experiência que faz o estadista. É assim que há muito tempo em Portugal são regidos os destinos políticos. Política de acaso, política de compadrio, politica de expediente. País governado ao acaso, governado por vaidades e por interesses, por especulação e corrupção, por privilégio e influência de camarilha, será possível conservar a sua independência?» (Eça de Queiroz, in Jornal O Distrito de Évora, 1867).
Os nossos problemas são recorrentes. Entre os séculos XIX, XX e o actual início de século, as semelhanças são por demais óbvias. O que já não sei é se isso nos deve tranquilizar ou preocupar ainda mais.
Daniel Oliveira (www.expresso.pt) 9:00 Terça-feira, 13 de Abril de 2010
A Administração que suga quase três por cento dos lucros da Galp nos seus próprios salários e benefícios acusa os funcionários de falta de solidariedade por quererem um aumento.
A Galp propôs aos seus funcionários um aumento de 1,5 por cento. Os trabalhadores vão fazer uma greve. O presidente do conselho de Administração, Ferreira de Oliveira, acusou os trabalhadores de "falta de solidariedade para com o futuro da empresa".
Alguns dados:
1 - Ferreira de Oliveira recebeu, em 2009 , quase 1,6 milhões de euros, dos quais mais de um milhão em salários, 267 mil em PPR, quase 237 mil euros de prémios de desempenho (mais de 600 mil em 2008) e 62 mil para as suas despesas de deslocação e renda de casa. É um dos gestores mais bem pagos deste país.
2 - Os sete administradores da empresa (ex-ministros Fernando Gomes e Murteira Nabo incluídos) receberam 4,148 milhões de euros. Mais subsídio de renda de casa ou de deslocação, no valor de três mil euros mensais. Os 13 administradores não executivos receberam 2,148 milhões de euros. Entre os administradores não executivos está José António Marques Gonçalves, antigo CEO da petrolífera, que levou para casa uma remuneração total de 626 mil euros, incluindo 106 mil de PPR e 94 mil de bónus. No total, os 20 gestores embolsaram 6,2 milhões de euros, 2,9% dos lucros da companhia.
3 - Os trabalhadores pedem um aumento de 2,8 por cento no mínimo de 55 euros. Perante estas exigências de aumento, a administração que recebe estes salários diz que, tendo sido estes dois últimos dois anos "de crise", elas são "impossíveis de satisfazer".
4 - A Galp não está em dificuldades. Os lucros ascenderam, no ano passado, a 213 milhões de euros. No ano anterior foram de 478 milhões de euros. A empresa vai distribuir dividendos pelos accionistas. Mas ao contrário do que tem acontecido nos últimos cinco anos os trabalhadores ficam de fora. "Não é possível distribuir resultados que não alcançámos", diz Ferreira de Oliveira, que, tal como o resto da administração, não deixou de receber o seu prémio pelos resultados que não alcançou.
Os factos comentam-se a si mesmos. Por isso, ficam apenas umas notas:
A administração que suga (com uma grande contribuição do seu CEO) quase três por cento dos lucros de uma das maiores empresas nacionais acusa os trabalhadores de falta de solidariedade por quererem um aumento de 2,8 por cento. E que a greve "não defende os interesses nem de curto nem de longo prazo dos que trabalham e muito menos dos que aspiram a vir a trabalhar" na Galp.
De facto, ex-ministros pensarão duas vezes em escolher aquela empresa para dar conforto à sua reforma se os trabalhadores receberem 2,8 por cento de aumento. De facto, um futuro CEO que precise de receber mais de sessenta mil euros para pagar a sua renda de casa e deslocações (que um milhão nem dá para as despesas) pensará duas vezes antes de aceitar o cargo se os funcionários que menos recebem tiverem um aumento de 55 euros mensais. De facto, gestores que recebem prémios por "resultados não alcançados" não aceitarão dirigir uma empresa que distribui dividendos quando os lucros baixam.
A ganância destes trabalhadores desmoraliza qualquer homem de negócios mais empenhado. Assim este País não vai para a frente. A ver se os trabalhadores da Galp percebem: todos temos de fazer sacrifícios.
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5 comentários:
Eu até acredito que se encontre alguém que seja capaz de resolver o problema...
O pior é que não nos conseguimos ver livres de quem nos continua a empurrar para o buraco, tão depressa e depois pode ser demasiado tarde...
Agora o que eu gostava mesmo, é que fosse aprovada uma Lei no Parlamento que permitisse que pudessem ser pedidas responsabilidades criminais (as políticas na maior parte das vezes pouco os afectam, porque ou já se encheram, ou ficam bem encostados...)a quem nos coloca nestas situações...mas nessa não caiem os deputados...
Mas uma coisa é mais que certa...colocar Portugal no caminho certo, vai custar muito suor, muitas lágrimas e desejo que não também... algum sangue...!!!
Maximino
Concordo e apenas acrescentaria deveria existir um tecto para o salário máximo e reformas – acumular diversas reformas com vencimento deveria ser considerado crime.
Recentemente, o Ministério das Finanças mandou vários autarcas com a acumulação de administradores não executivos na empresa do Metro repor os salários recebidos desde 1 de Janeiro de 2007. Além de Rui Rio, terão também de devolver os respectivos salários, enquanto administradores não executivos da Metro, Marco António Costa (vice-presidente da Câmara de Gaia), Mário Almeida (autarca de Vila do Conde) e Valentim Loureiro (presidente da Câmara de Gondomar). A Junta Metropolitana do Porto pronunciou-se na quarta-feira sobre o assunto e garante que os autarcas com cargos na Metro do Porto "não cometeram nenhuma ilegalidade". Considera a decisão do Ministério das Finanças relativa à devolução das remunerações "um ataque indiscriminado e totalmente injustificado".
A primeira duvida que me fica é a de saber para que raio servem administradores não executivos no Metro do Porto? A segunda constatação é ver esta gente, tão empenhada politicamente em gritar aos sete ventos na necessidade de o Estado reduzir as suas despesas e que tanto defendem a perda de direitos e salários para os trabalhadores se indignem tanto quando mexem nas suas mordomias. Pagar a outros, salários mínimos e subsídios de miséria são desperdícios, enquanto para eles a acumulação de benefícios, reformas e outras indignidades são o pagamento justo pelo seu trabalho e mérito.
«Ordinariamente todos os ministros são inteligentes, escrevem bem, discursam com cortesia e pura dicção, vão a faustosas inaugurações e são excelentes convivas. Porém, são nulos a resolver crises. Não têm a austeridade, nem a concepção, nem o instinto político, nem a experiência que faz o estadista. É assim que há muito tempo em Portugal são regidos os destinos políticos. Política de acaso, política de compadrio, politica de expediente. País governado ao acaso, governado por vaidades e por interesses, por especulação e corrupção, por privilégio e influência de camarilha, será possível conservar a sua independência?» (Eça de Queiroz, in Jornal O Distrito de Évora, 1867).
Os nossos problemas são recorrentes. Entre os séculos XIX, XX e o actual início de século, as semelhanças são por demais óbvias. O que já não sei é se isso nos deve tranquilizar ou preocupar ainda mais.
ONde chega a pouca vergonha...!!!
in expresso
Uns gananciosos, estes trabalhadores
Daniel Oliveira (www.expresso.pt) 9:00 Terça-feira, 13 de Abril de 2010
A Administração que suga quase três por cento dos lucros da Galp nos seus próprios salários e benefícios acusa os funcionários de falta de solidariedade por quererem um aumento.
A Galp propôs aos seus funcionários um aumento de 1,5 por cento. Os trabalhadores vão fazer uma greve. O presidente do conselho de Administração, Ferreira de Oliveira, acusou os trabalhadores de "falta de solidariedade para com o futuro da empresa".
Alguns dados:
1 - Ferreira de Oliveira recebeu, em 2009 , quase 1,6 milhões de euros, dos quais mais de um milhão em salários, 267 mil em PPR, quase 237 mil euros de prémios de desempenho (mais de 600 mil em 2008) e 62 mil para as suas despesas de deslocação e renda de casa. É um dos gestores mais bem pagos deste país.
2 - Os sete administradores da empresa (ex-ministros Fernando Gomes e Murteira Nabo incluídos) receberam 4,148 milhões de euros. Mais subsídio de renda de casa ou de deslocação, no valor de três mil euros mensais. Os 13 administradores não executivos receberam 2,148 milhões de euros. Entre os administradores não executivos está José António Marques Gonçalves, antigo CEO da petrolífera, que levou para casa uma remuneração total de 626 mil euros, incluindo 106 mil de PPR e 94 mil de bónus. No total, os 20 gestores embolsaram 6,2 milhões de euros, 2,9% dos lucros da companhia.
3 - Os trabalhadores pedem um aumento de 2,8 por cento no mínimo de 55 euros. Perante estas exigências de aumento, a administração que recebe estes salários diz que, tendo sido estes dois últimos dois anos "de crise", elas são "impossíveis de satisfazer".
4 - A Galp não está em dificuldades. Os lucros ascenderam, no ano passado, a 213 milhões de euros. No ano anterior foram de 478 milhões de euros. A empresa vai distribuir dividendos pelos accionistas. Mas ao contrário do que tem acontecido nos últimos cinco anos os trabalhadores ficam de fora. "Não é possível distribuir resultados que não alcançámos", diz Ferreira de Oliveira, que, tal como o resto da administração, não deixou de receber o seu prémio pelos resultados que não alcançou.
Os factos comentam-se a si mesmos. Por isso, ficam apenas umas notas:
A administração que suga (com uma grande contribuição do seu CEO) quase três por cento dos lucros de uma das maiores empresas nacionais acusa os trabalhadores de falta de solidariedade por quererem um aumento de 2,8 por cento. E que a greve "não defende os interesses nem de curto nem de longo prazo dos que trabalham e muito menos dos que aspiram a vir a trabalhar" na Galp.
De facto, ex-ministros pensarão duas vezes em escolher aquela empresa para dar conforto à sua reforma se os trabalhadores receberem 2,8 por cento de aumento. De facto, um futuro CEO que precise de receber mais de sessenta mil euros para pagar a sua renda de casa e deslocações (que um milhão nem dá para as despesas) pensará duas vezes antes de aceitar o cargo se os funcionários que menos recebem tiverem um aumento de 55 euros mensais. De facto, gestores que recebem prémios por "resultados não alcançados" não aceitarão dirigir uma empresa que distribui dividendos quando os lucros baixam.
A ganância destes trabalhadores desmoraliza qualquer homem de negócios mais empenhado. Assim este País não vai para a frente. A ver se os trabalhadores da Galp percebem: todos temos de fazer sacrifícios.
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Maximino
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