A discussão não é nova. O golfe traz a Portugal milhares de turistas, milhões de euros, mas aloja um terrível problema ambiental: o consumo excessivo de água. As Jornadas da Sustentabilidade, Energia e Formação Profissional organizadas pela Airo, que decorreram em Óbidos e Caldas da Rainha nos dias 25, 26 e 27 de Novembro, dedicaram um painel ao turismo sustentável, entre os quais o golfe.
A plateia ficou a saber, por exemplo, que um campo de 18 buracos consome por dia o equivalente a uma cidade de 60 mil pessoas, ou seja, mais do que os concelhos de Caldas da Rainha e Óbidos juntos. Sendo que a região Oeste tem seis campos de golfe, e ainda mais um em construção, na Curia, o consumo regional de água aumentou como se existissem seis novas cidades. Fazendo o mesmo exercício para todo o país, onde existe um total de 67 campos de golfe – ainda que não sejam todos de 18 buracos - é como se Portugal tivesse aumentado a sua demografia em quatro milhões de pessoas, o que torna as campanhas de redução de água, do tipo “feche a torneira enquanto lava os dentes”, ou reduza a água do autoclismo”, perfeitamente ridículas.
Também ficamos a saber que o retorno económico é elevado. São mais de 250 mil estrangeiros que chegam a Portugal e 350 milhões de euros de receitas que entram. Existe a preocupação para que os campos de golfe procurem, cada vez mais, ser eco-friendly, ou seja, reduzir assim o impacto negativo no ambiente. E ao que parece estão no bom caminho. Através de novas variedades de relva, mais resistentes, reduzem assim o consumo de água e a necessidade de usar pesticidas em caso de praga.
Nos campos eco-friendly, o consumo de água pode ser reduzido de várias formas: através de estações meteorológicas, fornecendo aos relvados apenas a água que necessitam, através da recolha da água de drenagens de lagos para reutilização, ou através de regas nocturnas com vários arranques - um campo de 60 hectares consome cerca de 2.500 metros cúbicos de água por noite - economizando energia em tarifa económica.
No Algarve, onde já existem 31 campos de golfe – segue-se Lisboa com 17 – e onde a água não abunda, esta preocupação é uma constante. Sabe-se que o consumo de água aumentou cerca de 10 vezes nos últimos anos devido à prática deste desporto. Segundo um estudo realizado pela Águas do Algarve em 2005, data em que apenas existiam 29 campos de golfe, o consumo de água destes locais atingia os oito milhões de metros cúbicos ao ano. O consumo urbano representa apenas 27% do total de água gasto, sendo que a agricultura e golfe consomem os restantes 73%. Calcula-se que a rega dos campos de golfe consuma mais ou menos o mesmo que os citrinos, principal produto da região.
É caso para dizer: acabe-se já com as laranjas do Algarve… e com os pomares no Oeste!
3 comentários:
Depois do primeiro campo de golfe da região Oeste - o Béltico, agora outros semelhantes surgem que nem cogumelos, no concelho de Óbidos ocupando quase todo o seu litoral, pegadinhos uns aos outros.
É lamentavel perder a beleza que nos distingue dos outros e que agora é de todos, em proveito apenas de alguns, poucos, que quando virem que a diferença desapareceu vão para outro lado deixando o estrago feito.
A construção de um campo de golfe mobiliza avultados meios financeiros que não podem ser desperdiçados, por falta de contrapartidas ou inviabilidade de recuperação. Por outro lado deve evitar-se que a quantidade se sobreponha à qualidade.
Mais campos de Golfe? Sim, mas ajustados à procura e dentro dos padrões de qualidade dos existentes, ou ainda melhor, e sem degenerar em excessos de quantidade que podem revelar-se contraprocedentes.
Ao efectuarmos um balanço, ainda que sintético, entre os aspectos favoráveis e os contrários à construção de campos de golfe constatamos que os primeiros sobrelevam largamente os segundos.
Com efeito, de um lado temos que:
- favorecem o desenvolvimento do turismo, valorizando a oferta;
- geram receitas importantes, directa e indirectamente;
- contribuem para a criação de empregos;
- possibilitam a reconversão de zonas agrícolas de baixo rendimento;
- ajudam à recuperação de zonas degradadas;
- protegem áreas florestais. constituindo corta-fogos eficazes.
do outro e pela nevativa:
- podem destruir os equilíbrios naturais, devido a tratamentos químicos;
- concorrem com os terrenos agrícolas, havendo tendência para os substituir;
- espoliam a comunidade de espaços, em benefício de alguns;
- proporcionam acções imobiliárias especulativas
O Grupo de Óbidos do Movimento "Limpar Portugal", fará se Deus quiser a sua 1ª Reunião de Trabalho...no próximo dia 19 pelas 17,00 Horas numa sala gentilmente cedida pelo Comando dos Bombeiros Voluntários de Óbidos...
Se já pensou fazer parte deste Grupo...não perca tempo, inscreva-sa já em...: www.limparportugal.org
E junte-se a nós já no Sábado...
É tempo de passarmos à acção...!!!
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