quinta-feira, 25 de março de 2010

Evento: eis a questão!

Neste ano em que se comemora para aí o centenário da implantação da República, talvez fosse oportuno relembrar ao Município de Óbidos e à empresa municipal que o Estado Português é laico. Provavelmente para promover o turismo religioso, a Óbidos Patrimonium-EM entrou em cena (já há alguns anos) e pretende divulgar e substituir o que o Turismo do Oeste deveria fazer. Assim, a “Semana Santa” aparece como um evento - até já era organizada muito antes e seguramente continuará a ser organizada depois da empresa municipal arrogar para si a competência da divulgação/organização. Claro que podem sempre argumentar que devemos ter a capacidade de captar esses turistas e criar-lhes oportunidades de potenciar a sua visita ao máximo com programas religioso e culturais. Só que os princípios básicos e elementares do ordenamento jurídico português poderá ser posto em causa e incompatível, sendo o município de Óbidos parcela do complexo administrativo do Estado. E claro que até podem manifestar que existem outras entidades a colaborar…

No entanto, com o passar do tempo, esse “evento” poderá evoluir para o plano apenas do espectáculo. Onde uma multidão de pessoas acompanha os passos do actor, em vez de ser uma vivência religiosa passa a ser um teatro. Como é uma empresa municipal, tem como principal objectivo a promoção turística, a realização do Plano de Animação que lhe for definido pela Câmara Municipal e o desenvolvimento de todas as acções conducentes à valorização do Património Histórico e Natural de Óbidos. A entidade empresarial municipal tem a seu encargo a produção de eventos de carácter turístico e cultural, a prestação de serviços desse âmbito, a gestão das infra-estruturas existentes e rentabilização de espaços de lazer, a promoção turística e dos eventos produzidos, o intercâmbio com outras comunidades e parcerias diversas com vista ao desenvolvimento de laços culturais e comerciais.

Como é vocacionada para a produção de eventos de carácter turístico e cultural será que se corre o risco de fazer desse ritual Católico um chamariz para o turismo... Depois com o passar do tempo enriqueceram o programa religioso com um programa cultural (uma espécie híbrido de teatro paganizado ou de uma manifestação cristã?!)

De facto, poderá não se saber onde termina uma e começa a outra... todas as situações são aproveitadas para dinamizar e divulgar o município…

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