quinta-feira, 10 de junho de 2010

Ser português...

Ser português é não respeitar quem o respeita, é ter inveja do seu vizinho e ser curioso mas ter preguiça em aprender. É dar um murro na mesa quando quer ser ouvido e ser bom mas não ser reconhecido, ou então ser reconhecido e deixa de ser português. Ser mal atendido num serviço, ficar lixado da vida, mas não reclamar por escrito ‘porque não se quer aborrecer’.Falar mal do Governo eleito e esquecer-se que votou nele.

Ser português é levar o arroz de frango ou feijoada para a praia As praias e as falésias estão para Portugal como os Alpes para a Suíça; em matéria de férias, são o ponto mais alto da Europa. Despir as camisas traficadas da Lacoste ou da Tommy para fritar ao sol, se o tempo não permitir tem como alternativa o fato de treino no shopping.

Delicia-se com caracóis - uma verdadeira homenagem ao espírito criativo dos portugueses - e conseguir com esta matéria prima criar um dos melhores petiscos de todo o mundo.

O marisco favorito dos portugueses a provar que a simplicidade é uma arte: um copo de cerveja geladinha, de espuma densa e cheia de gás e um pratinho de tremoços. Não enche o estômago, mas conforta a alma e até dá para mandar piropos a desconhecidas.

Ser português é ninguém saber nada do nosso país, excepto os Brasileiros e os Espanhóis que gozam dele, é levar a vida mais relaxada da Europa mesmo sendo os últimos de quase todas as estatísticas. É exímio: enquanto os alemães fazem gráficos, os ingleses horários, os suíços projectos, nós “desenrascamos” um sistema, em cima do joelho, e a coisa funciona.

Ser português é axaxinar o Portuguex ao eskrever. É ir à aldeia todos os fins-de-semana visitar os pais ou avós, é deitar tarde e ver diariamente cinco telenovelas brasileiras. É já ter “ido à bruxa” e ter os filhos baptizados e de catecismo na mão mas nunca por os pés na igreja.

Ser português é ter bigode e ser baixinho, é ter três telemóveis e organizar jogos de futebol solteiros e casados. É ir à bola ao domingo, comprar ‘prá geral’ e saltar ‘prá central’.

Ser português é pedir um empréstimo para gastar uma pipa de euros num topo de gama, mas não comprar o kit mãos-livres, porque ‘é caro’. Conduzir sempre pela faixa da esquerda da auto-estrada (a da direita é para os camiões). Quase sempre faz-se acompanhar por mãe ou avó que se veste de luto. O raio do puto continua a viver em casa e já passa dos 30. A santinha foi substituída pelo cd no retrovisor.

Nunca se esquece do cartão de crédito para ir pró Algarve em Agosto, aonde inevitavelmente irá encontrar um vizinho no restaurante.

Ser português é apreciar ginginha ou licor beirão São, juntamente com o medronho, a forma mais rápida, saborosa e nacionalista de etilizar as mentes. Com moderação, o efeito vasodilatador previne acidentes cardiovasculares e aumenta a esperança de vida. Em dosagens duplas, anestesiam eficazmente as dores, afogam as mágoas mais resistentes, liquefazem as tristezas e, se não pagarem as dívidas, pelo menos fá-las esquecer por algumas horas. Outros álcoois têm exactamente o mesmo efeito, mas estes são só nossos.

Ser português é saber o que é uma guitarra verdadeiro ex-libris da música portuguesa. É o toque da alma lusa. Prova final da capacidade de um guitarrista; “Quem não tem unhas não toca guitarra”. Fado é destino, sorte - má sorte tantas vezes. Mas é o produto português mais conhecido no Mundo. É a mão que bate no peito luso, até doerem os ouvidos.

Em tempo de crise opta por fazer pequenos passeios em passeios feitos de calçada á portuguesa. A manutenção é cara e muitas vezes negligenciada. A sua beleza é inegável, o chão que pisamos é dos mais belos do mundo. A relação com ela é tão forte que até se canta no fado; “chorar as pedras da calçada”…

Enfim, ser tuga é o sonho de qualquer um, excepto o nosso!

4 comentários:

Anónimo disse...

Antes do discurso de abertura das comemorações do 10 de Junho, que se realizou em Faro, o Presidente anunciou que vai condecorar todos os portugueses que preferiram passar o fim de semana prolongado no Algarve contribuindo assim para o equilíbrio da balança comercial. Não foi por acaso que o presidente escolheu Faro para estas comemorações. Esta escolha é um exemplo para os portugueses, na continuação do apelo feito para passarem férias cá dentro. E para homenagear aqueles que escolheram o Algarve para estas mini férias, amanhã (dia de ponte), um C130 da força área irá sobrevoar as praias algarvias e lançar milhares de medalhas de honra de contributo para a balança comercial.

Anónimo disse...

No JUMENTO

Portugal existe mesmo ou apenas somos uns 10 milhões de cidadãos que por coincidência moramos dentro de fronteiras que os antepassados fizeram e que nos portamos mais como condóminos de um imenso prédio do que como cidadãos de um país?

Hoje é feriado, lá para os lados de Faro há um senhor que combinamos que durante cinco anos seria Presidente da República e que durante estes cinco anos anda a convencer-nos para o mantermos no cargo, que vai assistir firme e hirto a umas paradas, dar uns beijinhos a umas crianças sorridentes, galardoar uns amigos e mais uns quantos para não parecer mal, tudo porque é Dia de Portugal e das Comunidades. Aliás, durante muito tempo até tivemos vergonha de ter um dia de Portugal, tivemos o dia da raça, o tal senhor às vezes ainda se baralha com a designção, outras vezes preferimos dizer que é o dia de Camões.

Em toda a minha vida só vi o país unir-se uma vez, foi preciso um espertalhão como o Scolari, a quem um comentador televisivo comparou com o coronel da telenovela Gabriela, que conseguiu unir-nos e até nos levou a exibir a bandeira, como as boas nem chegavam para todos até andamos com bandeiras onde os castelos tinham sido substituídos por pagodes. Mas a coisa durou pouco, os gregos, os mesmos que agora nos tramaram com as suas aldrabices financeiras, deram-nos duas pancadas e regressámos à realidade.

Não somos capazes dos unir para nada, a esquerda nada quer com a direita e vice-versa, a extrema-esquerda prefere o Fidel ou um Chavez a um dos nossos, os do Porto detestam que Lisboa seja a capital, os das Ilhas chamam colonialistas aos do continente, ou, como diz o Alberto, do “contenente”, os que usam auto-estradas querem que sejam os que andam a pé a suportar scuts com impostos, os ricos querem que sejam os pobres a pagar a crise, os pobres estão convencidos de que os ricos podiam pagar a crise.

Somos um povo da treta, sorte tiveram os de Olivença que ficaram do outro lado por causa de uma batalha que chamaram das laranjas, deste lado ainda andamos em guerra com laranjas, umas mais azedas do que outras, mas desta vez nem a batalha acaba nem ninguém fica conosco, já nem os espanhóis nos querem ainda que nos inquéritos de opinião uma boa parte dos portugueses estejam dispostos a serem adoptados pelo país vizinho sem que haja batatada na fronteira.

Enfim, talvez a selecção luso-brasileira se safe no jogo com os Camarões e lá teremos Portugal durante mais uns dias, tiramos as bandeiras ao armário, enchemos os peito e vamos para a rua gastar uns trocos em gasolina em filhas de carros que mais parecem o “comboio apita, apita” de uma noite de ano novo.

A Espanha não nos quer, a Inglaterra não saberia o que fazer do Presidente da República (talvez príncipe de Boliqueime), nos tempos do Brejnev a Rússia disse que éramos um problema da Nato e foi-se embora, Marrocos fica do outro lado e os EUA estão longe de mais para sermos mais quinquagésimo primeiro estado federado. Já estamos na EU o que não é nada mau, entramos no bom tempo graças a um Mário Soares de que dizem não saber falar francês, o que seria se soubesse.

Outra coisa não me resta senão dizer viva Portugal.

Anónimo disse...

Devias levar um enxerto de porrada pelo que escreveste aqui meu cabrão egocêntrico de merda.

Anónimo disse...

Um “tuga” com o orgulho ferido…