segunda-feira, 26 de julho de 2010

Aguarde-se para ver…

Autarquias vão pagar menos pela recolha e tratamento de resíduos

Com a fusão, parte dos resíduos dos concelhos da região Oeste passam a ser incinerados na Central de Valorização Energética da Valorsul, reduzindo a quantidade de lixo no aterro sanitário localizado no Cadaval.

Os municípios do Oeste vão ter a sua factura de tratamento dos lixos reduzida quase para metade. Estava previsto que as câmaras municipais passassem a pagar 38 euros por tonelada de resíduos a partir de 2010, mas com esta mudança o custo baixa para os 21 euros por tonelada.

Para já, os municípios irão ver a factura reduzir de 38€ para os 21€ a tonelada.

Será que os munícipes também irão ser contemplados de igual modo na factura da tarifa dos resíduos sólidos?

Aguarde-se para ver…

quinta-feira, 22 de julho de 2010

quarta-feira, 21 de julho de 2010

A grande pescaria - apanhei o Paul na aberta da Lagoa de Óbidos

Quando a aberta esteve praticamente fechada, ou mais recentemente quando se deslocou para norte pondo em risco o emissário, ninguém o viu empunhando a cana.

Pelo aspecto jovial da fotografia (retirada daqui) era naqueles tempos idos em que se pescavam robalos na aberta.

Depois do estrondoso sucesso que fez durante o Mundial de Futebol acertando em todas as previsões que fez relativamente aos resultados dos jogos, o mais célebre de todos os polvos da História reformou-se da actividade de oráculo. A notícia foi dada pelos responsáveis do Aquário Sea Life de Oberhausen, na Alemanha, onde Paul vive desde tenra idade. O porta-voz daquele aquário esclareceu que Paul não desempenhará mais qualquer tarefa relacionada com os seus dotes de adivinho, “referentes a futebol, a política ou economia. Paul foi devolvido ao oceano para gozar em liberdade o resto da sua vida.

Para azar do polvo, a viagem foi interrompida e a sua liberdade ficou presa no anzol deste pescador com sorte.

Como todas as famosas pescarias correm depressa, os responsáveis pelos municípios que ladeiam a lagoa apressaram-se a reclamar o Paul. Afirmam que só foi capturado graças a manifestação em prol da lagoa e, como só os políticos sabem fazer, de imediato decorreu uma negociação a três. Sabendo dos dotes de adivinho, imediatamente o colocaram num aquário para saberem o futuro…

terça-feira, 20 de julho de 2010

Enquanto não chega o futuro… saiba o passado.

As restrições à despesa pública, no âmbito do Plano de Estabilidade e Crescimento (PEC), levaram a Refer a propor ao governo que não se avançasse já com a modernização da linha do Oeste.

A empresa gestora de infra-estruturas ferroviárias tinha inscrita no seu plano de investimentos uma verba de 127,7 milhões de euros para afectar à linha do Oeste até 2016, dos quais 8,5 milhões seria investidos já este ano, 40 milhões no próximo ano e 48,5 milhões em 2012.

Apesar da empresa, com o seu habitual secretismo, nunca ter divulgado o projecto, Gazeta das Caldas apurou que esse investimento se centrava na electrificação e instalação de sinalização electrónica, não estando contemplada qualquer variante da Malveira a Lisboa que tornasse realmente o Oeste mais próximo da capital através do modo ferroviário.

Além deste projecto, praticamente todos os investimentos previstos para arrancar este ano, foram suspensos pela Refer, alguns dos quais já se encontravam com concursos públicos concluídos e em fase de adjudicação dos trabalhos.

A Refer informou ainda o governo que um estudo destinado a avaliar a rentabilidade da linha transversal Caldas da Rainha - Rio Maior - Santarém concluiu pela sua não viabilidade. Gazeta das Caldas pediu à empresa uma cópia desse documento, mas não obteve qualquer resposta.

Tanto a modernização da linha do Oeste como a via férrea de Santarém às Caldas, tinham sido promessas acordadas e assinadas entre o governo e os municípios da OesteCIM.

"Só quem acreditou pode ficar desiludido"

O presidente da Câmara de Óbidos diz que "só quem acreditou no que se estava a fazer pode hoje estar desiludido", ironizando que "houve até quem achasse que eu estava a fazer uma birra, mas, pelos vistos, eu não tinha razão e tudo se vai fazer".

Na Gazeta das Caldas

As populações do Oeste perguntam: onde estão as contrapartidas negociadas pelos seus autarcas, como contrapartidas pela perda do Aeroporto da Ota?

Será que uma birra colectiva tem mais poder negocial?

Todos sabemos que esta linha continua no passado… (Aqui para saber mais – Linha do Oeste, fotos e texto de João Pedro Joaquim)

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Horário de verão ou comunicação do Sr. Presidente?

Consultando as ultimas noticias “OBI com horário de verão”.

Estas coisas podem acontecer. Enquanto não for rectificada, aqui poderá consultar o horário, ou faça pesquisa no portal da CMO.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

O desnorte a norte do concelho

A redução do estacionamento na Aldeia dos Pescadores está a gerar a contestação dos moradores e comerciantes do Bom Sucesso, Óbidos, que exigem ao Instituto da Água (INAG) a rectificação da obra, que o Instituto assegura estar conforme projectado.

A obra, da responsabilidade do INAG, implicou um investimento de 453 308 euros e contemplou a requalificação do parque de estacionamento e criação de um passeio pedonal de acesso à praça central, onde a circulação automóvel e o estacionamento foram condicionados e esteve em consulta pública mas não obteve qualquer contestação dos actuais intervenientes.(Aqui para continuar)

terça-feira, 13 de julho de 2010

Município consegue mais segurança para o Bom Sucesso… nem os tubarões escapam!!!

Depois dos esforços desenvolvidos pelo Município de Óbidos no sentido de reforçar a segurança em toda a zona do Bom Sucesso, inaugura na próxima quinta-feira, 15 de Julho, o Posto Sazonal da GNR de Óbidos. Esta estrutura tem como objectivo dar mais segurança a todos os turistas e residentes que, por esta ocasião do ano, se deslocam àquela zona do concelho de Óbidos.

O Posto Sazonal vai estar aberto 24 horas por dia e vai fazer policiamento em toda a área de praia e zonas habitacionais envolventes. Nos dias de maior fluxo de turistas, a GNR vai ainda colocar no terreno equipas de BTT.

Esta estrutura, a funcionar no edifício da Casa da Praia da Câmara Municipal, no Bairro 15, no Bom Sucesso, abre ao público às 8 horas da próxima quinta-feira e estará no activo até ao final de Agosto. No entanto, caso o número de turistas se justificar, este Posto Sazonal poderá prolongar o seu período de funcionamento para o mês de Setembro.

Em terra teremos a GNR de Óbidos, mas por mar teremos...

Personalize funny videos and birthday eCards at JibJab!

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Com ou sem trajes medievais?

Isto sim, traduz o sentido da criatividade e empreendedorismo. Pagar 40€ por cada bandulho nobre (aqui para saber) ou uns míseros 3 e 5€ (single /casal) para deleite da plebe?! (Aqui para visualizar)

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Brevemente… também estarão a fabricar o copo

A autarquia de Óbidos prepara-se para produzir o famoso “Licor de Ginja de Óbidos”, muito apreciado há décadas por quem visita a “Vila Medieval”. Segundo o vereador* Humberto Marques, a produção de licor de ginja pela autarquia “esteve mesmo para ter início este ano”. Humberto Marques justifica a medida com o “apoio aos produtores de ginja fruto, que foram incentivados pela autarquia nos últimos anos a plantar novos pomares, e, pela necessidade de criar uma economia de escala, de modo a internacionalizar a ginginha de Óbidos através da exportação”.

A apresentação do rótulo aqui divulgado, em estudo muito primário, terá uma composição gráfica aonde as ginjas serão a essência deste néctar dos deuses muito apreciado pelos mortais.

Embora a prometida fábrica de chocolate ainda não esteja a fabricar os já famosos copinhos de chocolate, estas malandrices de Óbidos (aqui para visualizar) poderão ser uma alternativa e certamente a Câmara Municipal vai equacionar essa oportunidade única e possivelmente “agarrar” no artesanato das Caldas para dinamizar mais um produto regional.

*Actual Vice-presidente e, como dizem os políticos, o futuro… a Deus pertence.

É MESMO UM LOCAL TURÍSTICO?

Por vezes questiono-me de se estamos vendo as coisas desapaixonadamente, ou se, inconscientemente, fazemos como aquelas mães de crianças verdadeiramente horrorosas, que nem sequer se podem considerar como saldos de fim de estação, e para elas são as mais lindas da urbe e arredores. Não há nada que se compare ao amor de mãe!

O viver dentro da vila e tentar valorizar o que se tem feito ao longo de décadas, sempre influenciados pelas directrizes e desejos da capital, quando não pelas vistas curtas ou fantasiosas dos responsáveis locais, causa momentos de descrédito, de triste melancolia por sentir que o cidadão anónimo não tem graus de liberdade suficientes, já não digo para alterar a situação, mas de nem sequer ter a possibilidade de apresentar e argumentar um ideário. Como é de prever, isto passa. Basta a sábia decisão: que se lixem! E regressamos à tranquilidade de espírito. Bem bom!

Ontem, porém, surgiu uma situação em que, mais uma vez, evidenciou uma das carências com que Óbidos se depara para poder ser considerada um pólo de atracção turística. E nem sequer é algo que se desconheça, pois que na verdade estamos mais que sabedores.

Um casal jovem nos abordou pedindo que os orientássemos para um local idóneo onde poderem tocar ao vivo, um café, um restaurante, uma discoteca, qualquer local onde houvesse uma quantidade de gente bem disposta. Ficamos sem saber o que responder. Cada um de nós foi dando palpites que tivemos que abandonar por não se enquadrarem no que aqueles jovens desejavam encontrar. Fui passar a pergunta a gente que sendo de aqui, pertencem a uma geração mais perto da dos músicos Tampouco ajudaram, pois ficaram tão mudos e desorientados como nós. Entretanto aquele casal mostrava a sua incredulidade, pois tinham-se deslocado até Óbidos induzidos pelo que leram nos guias turísticos, julgavam que estavam na gema do ovo.

Nem sequer nos passou pela ideia os enviar para o baile das solteironas, viúvas e divorciadas.

Que Óbidos é uma terra morta, ou moribunda, que a animação esporádica é artificial, que os visitantes que se decidem, incautamente, a fazer algumas dormidas nesta terra ficam mais perdidos do que um esquimó no deserto de Sara, já o sabemos desde sempre, e pior nos meses fora do pico Julho/Agosto. Assim como sabemos que nada se tem progredido neste aspecto.

Passem bem.

Virella

quarta-feira, 7 de julho de 2010

UM PASSEIO HIGIENICO

Dizem-nos que para cuidar da nossa saúde, especialmente do coração, além de evitar paixões e comezainas, convém andar a pé. Nem sempre nem nunca, mas hoje tive uma oportunidade inesperada para tratar do meu corpo, e com a ajuda de uma série de desconhecidos, a quem devo agradecer os seus cuidados.

Vou explicar melhor. Fui deixar o meu carro numa garagem no bairro da Senhora da Luz, onde se prontificaram a me transportar até à Vila. Não aceitei por um optimismo descabido. Pensei que àquela hora passariam muitas viaturas em direcção a Óbidos e era quase certo que algum condutor aceitasse dar uma boleia a este velho. Efectivamente passaram muitas viaturas, carros ligeiros, carrinhas, furgões, de tudo menos carroças de bois e burros com albarda, (não contei os sem albarda) mas o meu dedo polegar esticado para o céu não convenceu ninguém, de modo que, vendo o nível de civismo que corre (sim, porque correr, corriam, e muito. Cheios de pressa) pelas nossas estradas, optei por seguir os conselhos do Dr. Fernando Pádua, mais o seu lacinho. Cheguei, são e salvo, suado e cansado.

Mas o passeio, além de salutar, foi proveitoso noutros aspectos âmbito da saúde, já que o andar a pé nos da mais possibilidades de ver, mesmo ver, como o nível de civismo da cidadania anda muito rasteiro. Bermas e campos adjacentes à via asfaltada estão pejados de lixo, e não só plásticos de todo tipo, mas inclui roupas, detritos, carros podres, etc.

Aqueles voluntários que, meses atrás, fomos dar o nosso humilde contributo na limpeza do concelho, ficamos cientes de que era uma tarefa hercúlea e desprezada pela maioria comodista e desleixada. Tivemos a prova cabal quando, pouco tempo depois, uma iniciativa proposta no seguimento da anterior, teve uma adesão praticamente nula, e merece ser apontado o desinteresse com que as escolas, ou melhor a direcção das mesmas, olharam para estas acções. É provável que as aulas práticas de sexologia a que dizem se dedica ufanamente um professor voluntarioso, tenham mais sucesso.

Avançando no meu percurso vi outra situação interessante. As margens do Arnoia estão, pelo menos na zona próxima à linha do caminho-de-ferro e das estradas municipais que por ali existem, muito colmatadas de vegetação, em especial canas, que se por um lado seguram os taludes, por outro obstaculizam o escoamento das águas em ocasiões de forte pluviosidade. Por experiência vivida posso afirmar que as pontes, ou obras de arte equivalentes, são uns dos pontos mais atreitos a que se produzam entupimentos, verdadeiros tampões que retêm a corrente de água que devia escoar livremente. Suponho que, como habitualmente, não há nenhum responsável à mão que se encarregue de vigiar esta situação. Ou melhor, não basta vigiar, é pertinente limpar os leitos das ribeiras, como simples precaução.

A subida para a Vila é o lanço mais penoso. Até chegar à meta do prémio da montanha o corpo geme e sua. Mas dá para ver que existe, pelo menos um, lanço de muro de contenção que abateu, e que as terras começaram a invadir o piso asfaltado. Por sua vez, este pavimento, apresenta uma grande quantidade de fissuras longitudinais, consequência do abatimento das camadas inferiores, apesar dos grandes cuidados técnicos que se fizeram quando se decidiu abrir esta via (?). Quem a fez deve ter tirado o curso num sábado, como já se tornou hábito entre nós.

E já dentro do burgo presenciei aquilo que era de esperar, apesar de que não teve as funestas consequências previsíveis. Uma ambulância, dos bombeiros de Óbidos, que não de Santa Comba ou outra povoação que desconhecesse a rede viária existente no interior da Vila, já carregando o doente a quem veio acudir, encontrou-se engasgada, impossibilitada de avançar, no meio da rua Josefa de Óbidos, dado que a via está maravilhosamente ocupada por esplanadas.

Como dizem, e bem, que o bom é inimigo do óptimo, ou vice versa, recordei que devido á brilhante decisão do presidente da Câmara de Lisboa, Eng.º Abecassis, de instalar explanadas na rua do Carmo, foi impossível acudir, com os meios pesados pertinentes, quando se deu o incêndio do Chiado. Se não é aconselhável aguardar a que roubem a casa para colocar trancas na porta, pelo menos aprenderam a lição e de imediato repuseram a possibilidade de trânsito naquela via, pelo menos para emergências.

Passem bem, e não se ralem (uma recomendação desnecessária)

Virella

segunda-feira, 5 de julho de 2010

RESPOSTA A UM ANÓNIMO COM IDEIAS

Neste domingo, às 18h40’ apareceu um comentário neste espaço que, sem ser totalmente original, apresentava localmente aquilo que poderia ser uma semente disposta a germinar. O maior obstáculo que a ideia que lançou este anónimo está, sem qualquer dúvida, em conseguir um reduzido grupo inicial, onde figurassem alguns cidadãos idóneos, possíveis lutadores convictos, dispostos a vencer o compreensível medo de represálias, resguardados pela força do grupo, e aptos para sacrificarem horas do seu descanso, bastantes e continuadas, para organizar e multiplicar o aglomerado de gentes dispostas a tentar uma mudança pela via democrática. No início seriam menos de meia dúzia, mas se fossem convictos não descansariam até serem muitos.

Logo pelas suas linhas, pré estatutárias, eu fico de fora, não só pela idade mas, principalmente porque, como estou farto de repetir, não sou de cá. Por isso mesmo se entende que não estou a tentar manipular ninguém para meu benefício.

Seria uma tarefa de homens (e mulheres), mas não ao jeito da Maria da Fonte, pois não se concebe um assalto com podões e gadanhas, forquilhas e foices. Entre os “conspiradores”, - e escrevo isto entre comas precisamente porque uma iniciativa destas, para ser bem acolhida pela população séria e bem formada, não deve cheirar a conspiração – é natural que surgissem alguns com capacidade de liderança e de organização, que se encarregassem das tarefas indispensáveis que seguem às conversas nos cafés e associações.

Neste momento isto parece uma utopia absoluta, sem pernas para andar, mas a derrota social dos partidos políticos tradicionais, com os seus aparelhos, boys e compromissos de toda ordem, é evidente em todo o mundo ocidental. Entre nós bastaram pouco mais de trinta anos de democracia após ditadura, para que se atingisse o estado de putrefacção que afasta a cidadania. Sem esquecer que é este seu alheamento continua a oferecer-lhes, em bandeja, o terreno livre para se locupletarem sem rebuço. Depois de se sentarem já se sabe que não serve de nada lamentar-se e criticar.

Pessoalmente duvido que a população deste concelho possa mostrar ao país que tem mais ousadia do que aquela que vos atribuem (que não deve ser muita, ou nenhuma mesmo). Muito satisfeito ficaria se visse arrancar com esta iniciativa, que não é minha, mas do anónimo.

Virella

domingo, 4 de julho de 2010

TO BE OR NOT TO BE

Poucos dias atrás utilizei esta mesma expressão, aportuguesando de um modo excessivamente galhofo, mas o texto de hoje pede, quase que por necessidade imperiosa, que o retome. Desta feita com todos os matadores.

Para facilitar a entrada num escrito que antevejo será enrevesado, adiantarei que a ideia é a dificuldade que o observador pode sentir em conseguir que aquilo que ouvimos da boca de um indivíduo/a determinado se encaixe com o que faz. Não é raro que as duas facetas não se correspondam e se, numa primeira conclusão, podemos ser levados a concluir que nos estão a enganar, que aquilo é falso, eu, com uma dose de ingenuidade e dando o aconselhado benefício da dúvida, ainda posso aceitar a hipótese de que a tal pessoa nem sequer tem aquela duplicidade de um modo premeditado, ou seja, que ele não se consegue identificar.

Suponho que um dos grandes problemas existenciais que uma pessoa pode ter será o de não conseguir definir-se intimamente com clareza; o de ficar numa pertinaz indecisão sobre si próprio. O hábito orientou-me os dedos para escrever como se o assunto se restringisse ao homem, o macho da nossa espécie, mas honestamente creio que devemos, também nisto, considerar que a mulher deve ter iguais ansiedades. E caso não as sinta, mesmo que sofra por outras, melhor para as nossas companheiras na Terra.

Um planeta que hoje podemos ver como uma grande Arca de Noé, uma nau espacial na qual navegamos num rumo que nos é determinado pelas forças da natureza, mas que os tripulantes em vez de fazer o possível para guardar todas as espécies, vamos deitando pela borda fora aquelas que, por vezes, não só não nos incomodam como até nos fazem falta.

Retomando a caminhada. A indecisão pessoal, aquela cuja existência não nos atrevemos admitir, e muito menos dar a conhecer, pode centrar-se em diversos caracteres, desde a sexualidade ao envolvimento político-social.

Neste momento não pretendo dissertar sobre as questões ligadas ao sexo, apesar de serem muitas mais do que aquelas que tem estado nos cabeçalhos recentemente. Só deixarei a pista, que todos conhecem, da influência muito intensa que, neste campo, tem tido não só a educação recebida, como o agressivo espectro de preconceitos e rejeições que existem na sociedade. É velho e novamente actual, o tema da homossexualidade. Precisamente por se falar tanto neste tema sinto que ofusca a existência de outras muitas situações problemáticas neste campo. Sem ser exaustivo deixo alguns dos chamados desvios sexuais que sempre podem conduzir a um estado mental traumático quando exista a tentativa de combinar os instintos e o raciocínio. Existem dezenas de obras, umas mais ligeiras e outras mais aprofundadas, que vos podem elucidar acerca destes vários impulsos, desde a infidelidade compulsiva, a necrofilia, o bestialismo, ao voyeurismo, a pedofilia, a frigidez, o fetichismo, etc. Todos eles são temas desagradáveis e que, se os pretendemos tocar seriamente, nos é habitual fazer com bastante reserva, com recato ou sigilo.

Menos agressivo, sob o aspecto da moral social politicamente correcta, é precisamente o campo da política, no qual eu punha a mão sobre o lume convencido de que todos temos alguma experiência sobre o que me levou a escrever.

Deparei-me, nesta vida relativamente longa, com várias pessoas que me deixam a impressão, a que já me referi linhas atrás, de que não sabem a quantas andam. Para esta análise é indiferente o ponto de partida sob o qual tentamos comparar o dito e o feito. Num mero exercício académico imaginemos um sujeito que sabemos, sem dúvida alguma, que o seu comportamento está orientado para o mais acérrimo conservadorismo, que, sendo coerente, jamais o ouvimos advogar com convicção sobre os excessos que, por parte de quem mais ordena, exerçam sobre as camadas mais desfavorecidas; que nunca lhe ouviremos referir uma repulsa credível sobre um caso concreto que penalize um desgraçado, mas tampouco vemos que este íntimo o coiba a se apresentar como um apoiante cego de um socialismo, teórico e desnatado, que de uns anos a esta parte se move com excessivo à vontade entre nós.

O inverso também é possível de se observar. Há quem se bata pelos mais desfavorecidos, sem pretender outra gratificação do que aquela que o seu íntimo lhe proporciona, por considerar que está fazendo o bem de um modo totalmente altruísta, desinteressado, com aquela humanidade que julga, e com razão, que devia ser o modo de comportamento normal. Mas pode acontecer que conhecendo bem esta pessoa se saiba que na sua essência é um conservador total, instintivo. Não podemos, a meu critério, julgar mal uma pessoa com este carácter, embora também no seu caso exista uma dualidade na personagem.

Aos meus incógnitos seguidores um aviso: nunca pensem tentar esclarecer alguém em quem apreciem de que apresenta os sintomas que esquematicamente aponto. Jamais lhe agradecerá, e perderá um possível amigo ou simples conhecido. Fique-se com a noção de que as pessoas só muito raramente mudam de modo de ser. É mais fácil deixar de ser incitador da ocupação de propriedades e passar a sentar-se no outro sector do hemiciclo do que alterar o instinto.

Sinto que não devo terminar sem um apontamento vivido. Não é nada de extraordinário que, depois de batalhar pelo bem de pessoas que se encontram em patamares inferiores, estes nos “mordam a mão”. O rifoneiro diz, ao respeito: Cria o corvo, tirar-te-á o olho.

Passem bem, e não aqueçam a cabeça. Ponham uma chapeleta.

Virella

ORWELL TINHA RAZÃO

E como acontece com a maioria dos visionários só uns poucos acreditam nas suas previsões. E, pragmaticamente, assim deve ser, pois nem tudo o que por aí se pretende adivinhar se torna realidade. Neste caso concreto inclusive parece que ainda ficou curto no seu pessimismo. Sinto que, por culpa das pessoas, de quem organiza, programa, descobre e não manipula devidamente, a informática nos está escravizando minuto a minuto.

Penso que qualquer um de nós já teve alguma experiência desagradável com ordens recebidas deste equipamento impessoal, que sempre tem razão. Duvido que haja quem desconheça notificações oficiais, sejam do ministério das finanças ou de outro organismo qualquer, em que se informa de ter cometido uma falta “terrível” sancionada com coimas, multas e até possível pena de prisão, quando depois de suar quente e frio, o visado, que desde o primeiro minuto sabe que ali há qualquer coisa que não bate certo, e depois de andar seca e Meca para tentar corrigir o engano, deparando sempre com caras carrancudas pouco dispostas ao ajudar, se teimar e tiver sorte chegará ao ponto de, entre dentes, lhe esclarecerem que se tratou de um “erro informático”. Que traduzido em linguagem normal quer dizer que um operador atrapalhou os dados que introduziu e o prémio calhou a quem nada tinha que ver com o caso.

Por outro lado a existência destes maravilhosos programas oferece umas desculpas novas a quem não está para atender argumentações. As tais que até há pouco tempo constavam da panóplia dos cidadãos, e que existindo honestidade e boas maneiras de ambos lados eram suficientes para chegar a bom porto.

Esta semana aconteceu-me ficar metido numa situação tipicamente enervante. Por indicação da minha mulher (agora o termo correcto a usar é o de esposa. Quero lá saber! é a mesma pessoa…) desloquei-me até às Caldas da Rainha com o propósito de comprar um livro que ela desejava oferecer a uma amiga, por ocasião do seu aniversário. Nas livrarias de rua, que são poucas, não encontrei, e acabei por me dirigir ao malfadado centro comercial, tão lindo, espaçoso, luminoso, com escadas rolantes daqui para ali, e de ali para aqui, tudo tão do agrado do entusiasta cidadão.

Na magna livraria Bertrand tinham uma considerável pilha daquela obra, de modo que não tive qualquer problema em pagar e levar um exemplar, devidamente embrulhado e ensacado. Ainda me ofereceram um cartão de fidelização de cliente, no qual imprimiram um carimbo com a compra correspondente. Maravilhoso. Infelizmente, se por um lado a minha mulher tinha acertado em pleno nas preferências literárias da amiga, a pessoa homenageada tinha-se adiantado e comprara com anterioridade a mesma obra. De modo que se tornara pertinente ir até à loja solicitar uma troca. Tudo isso no espaço temporal de três numerosos dias. Como seja que a senhora nossa amiga tinha que se deslocar às Caldas com o marido, aproveitamos para ir juntos, e assim ela poder escolher pessoalmente outra obra que lhe agradasse, evitando mais uma pífia.

Levávamos o livro, o embrulho, o saco e o caderninho de fidelidade. Ah! Faltava o talão da caixa! Que tinha ido para o lixo juntamente com outros papelinhos semelhantes que trazia no bolso. Não, mil vezes não. Sem o talão o sistema informático não permitia a troca. De nada serviu que se argumentasse tudo o que nos viesse à cabeça, nem sequer que podiam ficar com a caderneta de fidelização pois não era com aquelas atitudes que se podiam fidelizar clientes. Nem tentar lhes fazer entender que éramos nós, os clientes em geral, quem lhes garantia o ordenado, pois que sem compradores aquele local fecharia a porta e eles iriam apanhar ar puro para a rua. Nada os demoveu. A informática é que manda, e não as pessoas!

Já passada uma hora, ou mais, lembrei que na máquina registadora existia uma fita na que figurava a cópia daquela venda. Mas como imaginei que aquele pessoal estaria disposto a argumentar o que fosse para se manter firme na sua posição, optei para não voltar. E não voltarei jamais. Perderam cinco clientes aquele dia. Isso é que é fidelizar!

E os casos que dão razão ao falecido Orwell são aos milhares.

Passem bem, e evitem a Bertrand. Obrigado.

Virella

sábado, 3 de julho de 2010

ALTRUISMO?

Por vezes temos a verdade junto aos olhos e não a enxergamos. É preciso ter a colecção completa de dioptrias para que se distinga nitidamente algo que esteja tão próximo do cristalino. Não sei se é exactamente esta a razão, mas não deve andar longe, daquele refrão que nos diz sobre a facilidade com que vemos a palha no olho alheio e não damos pelo argueiro espetado no nosso.

Veio este arrazoado à minha mente depois de meditar com muita força, tanta que inclusive podia ficar com uma hérnia num CD, na tal posição do pensador que Rodin imortalizou, sobre os meus mais recentes escritos, nos quais teci comentários um pouco descrentes acerca da atitude da oposição neste concelho, especialmente no que se refere ao PS.

Julgo que a justificação era tão óbvia que inclusive era excessivamente transparente para ser tomada em linha de conta. Os cidadãos não comprometidos, sem aquelas ambições que se possam atingir através dos apoios políticos, parece-me que criam demasiadas expectativas acerca do altruísmo e desapego pelos bens materiais que devia ser o apanágio dos políticos, para merecerem ser escolhidos para nos representar, em qualquer patamar do amplo leque que o espectro nacional proporciona. E a verdade é muito mais crua e fora desta ilusão utópica. Ou seja, que entre o dito e o feito vai um longo trecho.

Se efectivamente não errei na minha análise, que se resume com aquelas poucas palavras que ouvimos repetidamente, vindas de muitas bocas: São todos iguais.

E regressando ao concelho, seria levado a considerar que este aparente alheamento das personagens corresponde, sem tirar nem por, à paciente espera até a tal queda por podridão. Por outro lado é possível que não os entusiasme a ideia de habitual a cidadania a exigir justiça e rectidão, uma vez que o real propósito destes elementos não será outro do que vir a ocupar os lugares que ficarem vagos, com as mesmas benesses, ou mais até se for possível.

Efectivamente é muito feio, nojento mesmo, pensar assim. Mas os exemplos que temos visto durante estes anos de democracia não nos orientam para outro pensamento.

Passem bem. Se forem capazes.

Virella

OS COMENTÁRIOS OS LEVA O VENTO

Sem me sentir obrigado a isso, pois em realidade os comentários que têm aparecido anexos a algum dos meus escritos não me são directamente dirigidos, e apesar de só muito raramente tenham origem em fonte identificada, alguns focam um tema que foi tratado intensivamente sem que se notasse a mais leve reacção positiva por parte de quem as devia tomar. É óbvio que me refiro à situação de despovoamento progressiva da cidadela.

É uma situação que não é única, o que sim é inusitado é que nada se faça para contrariar esta penosa evolução, antes nos dá a impressão de que se empurra no sentido de a esvaziar dos poucos habitantes que restam. Vendo o que aconteceu noutros lugares históricos de Portugal, que ficaram absolutamente sem habitantes, dá para entender que depois de morta, uma terra morre mesmo, nem o comércio subsiste.

Um caso exemplar é de Sortelha. Entre algumas visitas que fiz a esta povoação vi como tentaram recuperar parte do casario. Telharam-se casas e casebres, adaptaram pelo menos uma delas para café, outra para posto de turismo e outras, poucas, umas duas creio, para serem ocupadas por artesãos que pudessem comercializar os seus produtos aos visitantes. Simplesmente os visitantes são poucos e, por muito que comprassem não conseguiam oferecer a viabilidade destas pessoas.

Virella

NECRÓFAGOS

Nunca como hoje tivemos tanta informação e conhecimento em geral à disposição de todos. Se muitos preferem desprezar o que lhe é posto ao alcance da vista, ouvido e mente, e não se preocupa muito em aumentar a sua cultura geral, é um problema parcialmente seu, pois a aculturação extensiva torna o País menos competitivo.

Para o cidadão comum a posição mais agradável, é aquela que lhe permita atribuir a culpa aos outros. Cada um de nós tanto se pode considerar angelicamente inocente como ser mesmo uma “vítima do sistema”. Curiosamente quando se diz que a culpa morre sempre solteira não se lhe pretende atribuir uma espécie de virgindade, antes pelo contrário, pois que em demasiadas ocasiões são tantas as pessoas, ou entidades que aparentemente são impessoais mas cujos desígnios são fruto de decisões pessoais, que se pode dizer que “deitaram-se” tantos com aquela culpa, actuantes naquela situação, que a figura mais adequada é a de ser uma prostituta, das mais degradadas.

Avanço para um pensamento mais positivo, aquele que nos possa tranquilizar, nem que seja na aparência, e não nos afecte a digestão do bolo estomacal. Se existe pouco interesse em aproveitar o que de educativo existe na televisão todos aqueles que podem, e devem, influenciar os jovens em formação, tem a sua parcela de responsabilidade. Opinar que na escola não conseguem despertar a vontade de saber, pode ter o seu grau de verdade. Mas se os pais tampouco dão o exemplo em casa, se preferem concursos idiotas, telenovelas sem préstimo, desportos de sofá e outros programas onde é difícil adquirir novos conhecimentos, já não podem culpar o corpo docente, nem o ministério ou os programas. Se, todos em geral, por comodidade e considerar que nada há a fazer, aceitamos que as novas tecnologias sejam vistas, e usadas, pela maioria dos jovens, para se entreter com jogos, que se nas primeiras idades (vimos como as crianças, antes de saber ler ou escrever já conseguem manipular jogos de computador, identificando as palavras chave que lhes permitem avançar) são bastante educativos, já não acontece o mesmo com os que se prepararam para adolescentes e mais crescidos. Como podemos esperar que eles, por si só, repentinamente recebam a chama do saber?

Deixemos isso e vamos ao cabeçalho: NECRÓFAGOS

Se estiverem distraídos ou a memória falhar o mais fácil é consultar um dicionário. Eu vou fazer isso por si: necrófago é aquele que se alimenta de animais mortos ou de cadáveres em decomposição. E acrescento, da minha lavra, que estes se encontram no degrau inferior, imediatamente a seguir do que ocupam os predadores. E estes caçam as suas vítimas estando vivas, com todas as artimanhas que o seu saber e instinto lhe proporcionam. O homem é o maior predador da Terra, e por vezes inclusive necrófago, não só do bife ou outra carne cozinhada mas por atitudes que recordam aquela desprezível necrofagia.

Mas sucede que aquilo a que me referi anteriormente, ou seja, a disponibilidade de conhecimentos mais vastos e, com frequência, bem explicados, torna inevitável que o nosso julgamento sobre animais predadores e necrófagos tenha mudado. Percebemos que ao matarem ou comerem animais doentes contribuem, muito positivamente, a travar a proliferação de doenças transmissíveis, não só entre animais como de aquelas que nos podem afectar directamente.

Sendo assim quando nos falam da protecção ao lobo, a recuperação do lince ibérico, ou de reduzirem a caça à raposa, não é uma obsessão de maduros. A natureza, sábia como cada dia mais nos mostra ser, e, em “compensação” mais avança a humanidade no sentido da imbecilidade, deu origem a uma pirâmide zoológica onde cada peça tem a sua função, por mais que o homem ao escalar até o topo, decida destruir esta formidável estrutura.

Quem teve a coragem suficiente para ler até aqui, vai comer a cereja que está por cima do bolo.

Ontem escrevi acerca da situação que eu sinto quanto à pretensa oposição em Óbidos. E sempre fica mais algum detalhe para acrescentar. É fatal. Desta feita recordei, já publicado o texto, que alguém me dissera que a actual equipa cairia de por si, que cairia de podre, e então entrariam eles!

Nem sequer é necessário consultar um moreno que se intitula de professor vidente. Que existirá uma mudança de posições é algo tão óbvio que nem merece comentários. É como a sequência do dia-noite. Que aconteça por “podridão” ou outra razão qualquer não podemos saber com antecedência. E aguardar sentados na soleira da porta enquanto passa a caravana é um preceito muito antigo, recomendado entre os muçulmanos. E muito cómodo, ali sentadinhos, sem lutar, aguardando que lhes caia nas mãos o prémio grande, sem sequer apostar! Não é tão bom? Tal e qual as hienas e os urubus, alimárias que, em geral, desprezamos.

É pois evidente que se dará a mudança. O futuro é inexorável. Mas receber uma fruta totalmente podre valerá a pena? Ou será melhor nem sequer pretender agarrar no lixo?

E agora pergunto eu: Será que julgam que tal atitude é valorizada positivamente pelos munícipes? Ou, pelo contrário, os leva ao desprezo, tanto ou mais intenso do que aquele a que os votam os detentores actuais do poder autárquico?

São muitas as perguntas e as sentenças possíveis.

Admitir que basta um cavaleiro andante para alcançar a meta só acontece nas lendas e narrativas.

Virella