quarta-feira, 7 de julho de 2010

UM PASSEIO HIGIENICO

Dizem-nos que para cuidar da nossa saúde, especialmente do coração, além de evitar paixões e comezainas, convém andar a pé. Nem sempre nem nunca, mas hoje tive uma oportunidade inesperada para tratar do meu corpo, e com a ajuda de uma série de desconhecidos, a quem devo agradecer os seus cuidados.

Vou explicar melhor. Fui deixar o meu carro numa garagem no bairro da Senhora da Luz, onde se prontificaram a me transportar até à Vila. Não aceitei por um optimismo descabido. Pensei que àquela hora passariam muitas viaturas em direcção a Óbidos e era quase certo que algum condutor aceitasse dar uma boleia a este velho. Efectivamente passaram muitas viaturas, carros ligeiros, carrinhas, furgões, de tudo menos carroças de bois e burros com albarda, (não contei os sem albarda) mas o meu dedo polegar esticado para o céu não convenceu ninguém, de modo que, vendo o nível de civismo que corre (sim, porque correr, corriam, e muito. Cheios de pressa) pelas nossas estradas, optei por seguir os conselhos do Dr. Fernando Pádua, mais o seu lacinho. Cheguei, são e salvo, suado e cansado.

Mas o passeio, além de salutar, foi proveitoso noutros aspectos âmbito da saúde, já que o andar a pé nos da mais possibilidades de ver, mesmo ver, como o nível de civismo da cidadania anda muito rasteiro. Bermas e campos adjacentes à via asfaltada estão pejados de lixo, e não só plásticos de todo tipo, mas inclui roupas, detritos, carros podres, etc.

Aqueles voluntários que, meses atrás, fomos dar o nosso humilde contributo na limpeza do concelho, ficamos cientes de que era uma tarefa hercúlea e desprezada pela maioria comodista e desleixada. Tivemos a prova cabal quando, pouco tempo depois, uma iniciativa proposta no seguimento da anterior, teve uma adesão praticamente nula, e merece ser apontado o desinteresse com que as escolas, ou melhor a direcção das mesmas, olharam para estas acções. É provável que as aulas práticas de sexologia a que dizem se dedica ufanamente um professor voluntarioso, tenham mais sucesso.

Avançando no meu percurso vi outra situação interessante. As margens do Arnoia estão, pelo menos na zona próxima à linha do caminho-de-ferro e das estradas municipais que por ali existem, muito colmatadas de vegetação, em especial canas, que se por um lado seguram os taludes, por outro obstaculizam o escoamento das águas em ocasiões de forte pluviosidade. Por experiência vivida posso afirmar que as pontes, ou obras de arte equivalentes, são uns dos pontos mais atreitos a que se produzam entupimentos, verdadeiros tampões que retêm a corrente de água que devia escoar livremente. Suponho que, como habitualmente, não há nenhum responsável à mão que se encarregue de vigiar esta situação. Ou melhor, não basta vigiar, é pertinente limpar os leitos das ribeiras, como simples precaução.

A subida para a Vila é o lanço mais penoso. Até chegar à meta do prémio da montanha o corpo geme e sua. Mas dá para ver que existe, pelo menos um, lanço de muro de contenção que abateu, e que as terras começaram a invadir o piso asfaltado. Por sua vez, este pavimento, apresenta uma grande quantidade de fissuras longitudinais, consequência do abatimento das camadas inferiores, apesar dos grandes cuidados técnicos que se fizeram quando se decidiu abrir esta via (?). Quem a fez deve ter tirado o curso num sábado, como já se tornou hábito entre nós.

E já dentro do burgo presenciei aquilo que era de esperar, apesar de que não teve as funestas consequências previsíveis. Uma ambulância, dos bombeiros de Óbidos, que não de Santa Comba ou outra povoação que desconhecesse a rede viária existente no interior da Vila, já carregando o doente a quem veio acudir, encontrou-se engasgada, impossibilitada de avançar, no meio da rua Josefa de Óbidos, dado que a via está maravilhosamente ocupada por esplanadas.

Como dizem, e bem, que o bom é inimigo do óptimo, ou vice versa, recordei que devido á brilhante decisão do presidente da Câmara de Lisboa, Eng.º Abecassis, de instalar explanadas na rua do Carmo, foi impossível acudir, com os meios pesados pertinentes, quando se deu o incêndio do Chiado. Se não é aconselhável aguardar a que roubem a casa para colocar trancas na porta, pelo menos aprenderam a lição e de imediato repuseram a possibilidade de trânsito naquela via, pelo menos para emergências.

Passem bem, e não se ralem (uma recomendação desnecessária)

Virella

2 comentários:

Anónimo disse...

Pois quando houver uma desgraça dentro da VILA ,espero que nunca aconteça ,mas vamos ver por onde passam os meios de socorro .....então vamos vêr quem sâo os culpados ....e o povo de OBIDOS não vai perdoar concerteza!

É UMA OPINIÃO

Anónimo disse...

Srº Virella se por acaso saisse do asfalto e percorresse os atalhos e carreiros do nosso concelho e reparasse nas linhas de agua extremas e matas, morria de desgosto de morar em Óbidos uma Maravilha de Portugal.