segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Que esperar do futuro próximo?

Um estudo de opinião efectuado tem conclusões verdadeiramente impressionantes. Os números revelaram então que mais de 77% dos portugueses não se revêem nos partidos e mais de 72% consideram que a política partidária se move por interesses próprios. E mais, quase 49% discordam da ideia de que a política partidária se paute por interesses nacionais. Num passado recente era inquestionável que não poderia haver democracia sem partidos políticos. Mas o estudo a que nos referimos já revela que mais de 78% dos inquiridos pensa que deve haver candidatos ao Parlamento independentes dos partidos e apenas pouco mais de 13% discordam desta hipótese, embora a Constituição não permite ainda.
O mais preocupante é que o problema afigura-se não estar apenas nos actuais partidos. A descrença é generalizada e parece que abrange o sistema partidário português. Assim sendo, de nada serviria criar novos partidos e aliás já se provou o insucesso eleitoral dos criados nos últimos anos.
Pelos vistos, parece poder concluir-se que os portugueses se tornaram anti partidários. O que não se percebe é como os partidos não estão a entender esta realidade, que não é só de desagrado e de desconfiança, que já é de afastamento e mesmo crítica activa e militante contra os partidos! Se seria de esperar, pela parte deles, um esforço de retoma dos bons princípios, acontece todavia o contrário. A vida dos partidos está a transformar-se num ambiente de cada vez menor participação dos militantes, com os respectivos órgãos a reunir cada vez menos, ou mesmo a passar longos períodos sem reunir, o que nem chega sequer para simular uma democracia interna, em total desrespeito pelos estatutos que os deviam reger. Restam uns pouquíssimos dirigentes, quase sempre os mesmos, a opinar acerca de tudo, de forma previsível, sem inovação, cansativa e repulsiva.

4 comentários:

Anónimo disse...

As pessoas sentem-se muito longe do poder, pensam que não influenciam a política votando num ou noutro candidato, e por isso a tendência para a abstenção é de subida.

Anónimo disse...

A política em Portugal está atingir o patamar máximo do descrédito, com políticos confundidos com empresários, com partidos políticos infiltrados nas administrações das empresas públicas, nos bancos e nas grandes construtoras.

Anónimo disse...

Hoje, a maioria das pessoas não acredita na política, nem nos políticos. É um facto. E é comum ouvirmos a frase: “são todos iguais”. Mas, também, é certo que existe uma falta de participação da sociedade em geral. Hoje, estão, sempre, todos muitos ocupados, com falta de tempo para participar na construção de um objectivo comum. É sempre mais confortável falar à mesa do café, onde não estamos expostos às críticas gerais, ou mesmo ficar sentado no sofá quando devíamos ir votar. Por isso mesmo, acredito que os elevados níveis de abstenção se devem não só ao descrédito que alguns políticos imprimiram à política, mas também, a algum comodismo da sociedade.
E é por isso que não devemos esquecer que cabe a cada um de nós mudar o tipo de politica que se faz, não só na participação activa que devemos ter, em cada um dos partidos políticos, mas também, no julgamento que é nosso direito fazer na altura das eleições.

Anónimo disse...

"A politica converteu-se em uma vasta associação de intriga, em que os socios combinam dividir-se em diversos grupos, cuja missão é impelirem-se e repelirem-se successivamente uns aos outros, até que a cada um d'elles chegue o mais frequentemente que for possivel a vez d'entrar e sair do governo. Nos pequenos periodos que decorrem entre a chegada e a partida de cada ministerio o grupo respectivo renova-se, depondo alguns dos seus membros nos cargos publicos que vagaram e recrutando novos adeptos candidatos aos lugares que vierem a vagar. É este trabalho de assimilação e desassimilação dos partidos, que constitue a vida organica do que se chama a politica portugueza".
Eça de Queirós e Ramalho Ortigão, As Farpas, Agosto-Setembro de 1877.