domingo, 10 de agosto de 2008

CAMPANHA

O Governo Civil de Leiria pretende “alertar os condutores para a importância de uma condução atenta e para as consequências nefastas que acções como, fumar, usar o telemóvel e consumir álcool, podem provocar quando se conduz”.
Deste modo, lançou a campanha distrital de prevenção rodoviária para o Verão de 2008 “Distracções Provocam Colisões”.
A campanha assenta fundamentalmente na implantação em seis rotundas urbanas, dos concelhos de Alcobaça, Caldas da Rainha, Leiria, Marinha Grande e Pombal, de esculturas de grande dimensão em esferovite (três metros de altura), que figurarão o álcool, o tabaco e o telemóvel colididos por automóveis sinistrados.
Esta do cigarro…“alertar os condutores para a importância atenta e para as consequências nefastas que acções como fumar, podem provocar quando se conduz… será o início para se proibir fumar e conduzir!!!
Nas estatísticas oficiais nunca vi nenhuma rubrica em que o tabaco fosse uma causa de acidentes.
Fumar enquanto conduz pode ser equiparado a:
conversar com ocupantes do veículo ou discutir;
ouvir programas de rádio;
ter preocupações ou dirigir-se para um local ou evento de elevado stress emocional;
colocar objectos, em especial brilhantes, no espelho retrovisor;
trazer objectos soltos dentro do carro, especialmente no banco da frente;
comer ou beber;
utilizar equipamentos do veículo (sintonizar o rádio, utilizar o GPS, marcar números de telefone, regular a climatização, fazer leituras do computador de bordo, …);
ler anúncios, informações ou publicidade exterior;
olhar para o retrovisor ou outros indicadores do veículo;
transportar crianças pequenas ou bebés;
transportar animais (em especial soltos);
observar acontecimentos no exterior, em especial acidentes;
etc…
Talvez a “escultura do cigarrito” devesse ser substituída por um “charro”, uma “seringa” ou umas “pastilhas”… DROGAS. Porque o combate à condução sob o efeito de álcool e drogas é um dos objectivos prioritários do Plano Nacional de Prevenção e Segurança Rodoviária.
Segundo estudos recentes, a ingestão de substâncias psicotrópicas e estupefacientes, lícita ou ilícita, afecta as capacidades cognitivas, elevando, por isso, o risco de acidentes na condução automóvel.
A sinistralidade rodoviária em Portugal tem rostos, caras, pessoas e famílias que têm de um dia para o outro de enfrentar o drama. Mas também tem números. E são esses que aqui, agora, interessam. O que representa para Portugal essa guerra chamada acidentes na estrada?
Do ponto de vista económico, os acidentes representam custos brutais para o país. A reparação dos danos, cobertos pelo seguro, obriga a um dispêndio de 1,45 mil milhões de euros, por ano, pagos pelas seguradoras, mas suportados por todos quantos pagam prémios de seguro. Ou seja, só na reparação de danos cobertos por apólices do ramo automóvel, as seguradoras gastam cerca de 2.700 euros em cada minuto que passa.
Mas há muitos mais custos a considerar. De acordo com um estudo de Paulo Telles de Freitas (Custos da Sinistralidade Rodoviária na Europa, 2004) Portugal gasta por ano uma percentagem (5% PIB em 1995) elevada do seu orçamento da saúde no tratamento dos doentes traumatizados, na sua grande maioria vítimas de acidentes. de viação. Este valor em 1999 terá rondado os 48 milhões de euros de acordo com o mesmo estudo.
Faltam muitas parcelas a esta conta de somar. Os danos nas estradas, os custos do absentismo nas empresas, os custos provocados pelos atrasos em virtude do trânsito originado pelos acidentes, e tantos outros.
São basicamente duas as principais causas dos acidentes: o próprio condutor (em cerca de 57% os casos) e a intercepção de causas condutor/factores rodoviários em cerca de 27% dos casos. O veículo aparece como causa directa em apenas cerca de 2% dos casos e os factores rodoviários isoladamente não representam mais do que 3% das causas apontadas pelo estudo referido anteriormente. Ou dito de outro modo, em mais de metade dos acidentes, a causa é o próprio condutor. É o que se poderia chamar de erro humano. Estes «erros humanos» custam cerca de 2.000 milhões de euros ao país. Exactamente 200 euros a cada português.
Excesso de velocidade, manobras perigosas, álcool. Atitudes que são tomadas de forma individual. Veja-se por exemplo este último factor de acidentes. Os dados provisórios de 2005 dizem que a maioria dos condutores que morreram na estrada e que acusaram álcool apresentava uma taxa acima de 1,2 g/l. Portugal é o quarto país europeu a apresentar uma percentagem mais elevada de condutores com excesso de álcool. Finlândia, Noruega, Suécia e Dinamarca são os mais bem comportados, com os índices mais baixos. Curiosamente, ou talvez não, países onde a taxa de sinistralidade é também mais baix.
Pode-se sempre apontar o dedo ao Governo, dizer que é preciso reprimir mais. São necessárias medidas mais duras e fiscalização em cada esquina. Mas qualquer pessoa civilizada percebe que com uma pequena mudança de atitude, pode contribuir, em primeiro lugar para uma redução substancial das mortes ocorridas nas estradas. Mas também para um aumento da riqueza produzida (ou pelo menos não gasta de forma improdutiva) no país.

2 comentários:

Anónimo disse...

O fumador é sempre o culpado…
O tabaco, para além de não prejudicar em nada a percepção sensorial do indivíduo - pelo contrário, a nicotina aumenta a capacidade de concentração e raciocínio, fumar ao volante nunca foi causa de qualquer acidente. O que causa problemas aos condutores é distracção, desobediência às regras de trânsito e, na pior das hipóteses, falta de coordenação motora. Como todos sabemos, existem questões no trânsito que são causas muito mais graves de acidentes a baixa qualidade das escolas de condução e dos exames de habilitação, sinalização deficiente (ou pouca e muitas vezes excessiva - tantas vezes a sinalização vertical não corresponde à vertical), estradas mal projectadas… mas se quiserem acabar com o excesso de velocidade os automóveis deveriam ser comercializados com limitadores a nível de motor – se o limite máximo é de 120 km… só mesmo os papa-reformas é que não excedem.
Mas se o Ministérios da Administração Interna e da Educação encontrarem mecanismos de entendimento para que esta matéria entre de forma desavergonhada, definitiva e com carácter obrigatório no sistema de Ensino em Portugal desde o Ensino Básico.
Sei que este é um processo lento, mas é ensinando agora que preparamos melhor as nossas crianças para o futuro. E se chegarem a adultos melhor preparados, certamente não será necessário uma repressão tão forte, como a que infelizmente é aplicada hoje a todos nós e mesmo assim apenas com relativa eficácia.

Anónimo disse...

O senhor Governador Civil pela certa não fuma a conduzir - deve ir comodamente instalado no banco da retaguarda...