domingo, 23 de dezembro de 2007

Se eles descobrem Óbidos...

Tem vindo a sentir-se um crescente mal-estar entre a população e os agentes económicos e de restauração em resultado da actuação das brigadas de fiscalização da ASAE que têm provocado as mais variadas reacções. Um abaixo-assinado anónimo na Internet endereçado ao Ministério da Económica e Inovação da República Portuguesa já reuniu (até hoje) mais de 15 mil assinaturas «contra as novas medidas de higiene alimentar da ASAE».
A Autoridade da Segurança Alimentar e Económica (ASAE), através do Gabinete do Secretário de Estado do Comércio, Serviços e Defesa do Consumidor, sentiu-se na obrigação de esclarecer em comunicado aquilo que considera «mitos e contra-informação relacionada com a actividade de fiscalização dos seus inspectores».A «Informação à Imprensa» divulgada no dia 19 de Dezembro insurge-se contra a campanha que «nas últimas semanas tem proliferado nos meios de comunicação social com artigos de opinião que visam denegrir e até ridicularizar a actividade fiscalizadora da ASAE» e denuncia a petição anónima que surgiu na Internet «que nada tem a ver com a real prática da ASAE, pautada pela transparência e pelo estrito cumprimento da legislação existente». Comunicado do Governo: Esclarecimento sobre a actividade da ASAE.
Expliquem-me também a necessidade das máscaras, das "Shotgun" e dos coletes à prova de bala, equipamento que nem a PJ utiliza nas suas missões (estas sim) verdadeiramente de risco. É só para aterrorizar? Não vos parece desproporcionado? Por fim, porque é que alguns dos agentes da ASAE foram fazer cursos aos SWAT, nos EUA? Para lutar com os feirantes ou com os cozinheiros dos restaurantes? Não vos parece desproporcionado? É este o Portugal que pretendem para o futuro? Esperem só que vos comecem a mandar parar na rua para pedir as facturas das camisas ou dos óculos (como o presidente da ASAE diz que gostaria de fazer, por causa da contrafacção) e aí já vão perceber o monstro que se permitiu criar.
Ou imagine no dia de Santo Antão, irromper pelo monte acima este pequeno exército e confiscarem todos os chouriço e os respectivos tintos caseiros… para além de aplicarem coimas pelas fogueiras…
Ou nos Eventos de Óbidos…
No festival de Chocolate, retirarem e privarem da boca das criancinhas, por questões de higiene e manuseamento, os chocolatinhos...
Não permitirem os copinhos de chocolate Made In (não sei de onde) para se beber a Ginginha, verdadeiro ritual turístico de Óbidos...
Na Feira Medieval, proibirem a circulação do mendigo na área de ”comes e bebes”.
Obrigarem a utilizar equipamentos hoteleiros do sec. XXI para os petiscos medievais...
Limitarem, condicionarem e fixarem o fluxo de turistas dentro das muralhas por uma questão de segurança…
Considero, contudo, que a ASAE faz falta em Portugal. O presidente da ASAE, António Nunes, defendeu na SIC-Notícias que os inspectores antes de actuarem têm mais de 700 leis para aprender. E assim sendo, como efectivamente parece que é, os inspectores da ASAE limitam-se a verificar e fazer cumprir a Lei. O problema parece estar, e está, nos nossos iluminados legisladores que não sabem fazer as leis porque vivem num mundo do faz-de-conta viajando nas nuvens entre Lisboa e Bruxelas. É por causa desses senhores, que a ASAE está a fazer mais mal do que bem aos pacíficos portugueses.
No entanto, parece que vai haver um pequeno interregno, talvez o Festival de Chocolate escape, porque:

5 comentários:

Anónimo disse...

Na verdade, a muito curto prazo, se o Governo não "acertar agulhas" a situação vai piorar...
Aliás tudo parece estar a ser feito, para que cada vez as coisas que se comem e bebem e se vestem em Portugal venham "devidamente embaladas" do estrangeiro...
Compreende-se e deseja-se que a acção fiscalizadora impeça os mixordeiros de colocarem em risco a nossa saude, por falta de asseio ou do uso de produtos perigosos, extremamente mal acondicionados, mal manuseados, ou manifestamente em mau estado...exija-se limpeza, até aí tudo bem...porém o que se está a passar é um verdadeiro exagero...
O Governo, ou não coloca em execução as normas da CE, ou quando o faz, parece não saber adaptá-las à situação específica do País...é o 8 ou o 80...

Há cerca de 15 dias, estava de televisor ligado e apeteceu-me mudar de canal...fui mudando e parei na TVE que estava a transmitir uma coisa impensável em Portugal: uma matança de porco...ali... "com tudo"...
O "chamuscar" do dito, a "desmancha"...o "lavar das tripas"... pois com o respectivo virar das ditas no "pau de virar tripas"...o corte da carna...a "feitura dos enxidos"...

Uma maravilha: a propaganda, na defesa das tradições do povo espanhol...
Engraçado...nós já tivemos disso...onde param algumas das nossas tradições...que não traziam mal ao mundo...???

O velho ditado do: que é demais é moléstia...fica aqui mesmo a calhar...

Maximino

Anónimo disse...

A resolução do Conselho de Ministros 96/2000, considera a gastronomia portuguesa como um bem imaterial integrante do património cultural de Portugal. Diz ainda o texto da resolução: “Entendida como fruto de saberes tradicionais que atestam a própria evolução histórica e social do povo português, a gastronomia nacional integra pois o património intangível que cumpre salvaguardar e promover. O reconhecimento de um tal valor às artes culinárias cria responsabilidades acrescidas no que respeita à defesa da sua autenticidade, bem como à sua valorização e divulgação, tanto no plano interno como internacionalmente”.
As actividades da restauração e comércio de bebidas vivem tempos de temor. Trabalham com o credo na boca na espera de mais dia menos dia, mais hora menos hora lhes entre pelas portas adentro uma inspecção que encerre a baiuca por dá cá aquela palha.
Não foram poucos os que já experimentaram a sanha inquisitorial da nova autoridade alimentar.

A antiga e incontornável Ginjinha das Portas de Santo Antão, em Lisboa, foi compulsivamente encerrada. Possivelmente a faca com que cortavam as rodelas de limão não tinha a cor do cabo de acordo com a nomenclatura regulamentar.

O Festival Nacional de Gastronomia de Santarém viveu momentos de pandemónio com a ostensiva presença de um bando de inspectores, que com um alarde policial desmesurado viraram do avesso as comedorias presentes à cata do pecado escondido atrás da alheira de Mirandela.
Os vendedores de bolas de Berlim das praias extintos.
Os vendedores de rua de castanhas assadas foram forçados a embrulhar as ditas em cartuchos de papel branco. Está interdito o aproveitamento das páginas das listas telefónicas, calhando por temor do contágio das páginas amarelas.
Não tarda muito que lhe tranquem a actividade por o carvão ter teores nefastos de um dióxido qualquer.

Estamos fartinhos de nos conhecer como o povo da cunha, do dá aí um jeitinho que eu caibo também, da arte do desenrasca, do perante a distracção do próximo lhe passar descaradamente a perna. Perante tanto deixa andar, vá-se lá saber desta fobia nacional de ser mais papistas que o papa no que toca a cumprir à risca tudo o que nos é imposto do exterior.
Os outros povos mediterrânicos, espanhóis, franceses, italianos, gregos e por aí fora, estrebucham que se fartam. Lá vão cumprindo muito há sua maneira sem venderem a alma ao diabo. Nós, não! Ainda os assanhados funcionários eurocratas não despiram as calças, já nós temos o tubo da vaselina na mão. Perante um qualquer dedo em riste comunitário, ficamos logo na subserviente posição ajoelhada.

A Autoridade para a Segurança Alimentar e Económica é o espelho mais cristalino desta posição acocorada. E pronto, os referidos autoritários bordam e pintam a manta alegremente escarranchados no poder do crachá e do colete policial.
Aos costumes, à tradição e ao património nacional dizem zero. Eles não são os representantes da autoridade, são – pensam eles – a autoridade.

Unha Neg@

Anónimo disse...

Meu amigo unh@negra, se me não leva a mal...

Subscrevo por debaixo...

Um abraço...

Maximino

*******
Dantes havia um ditado que dizia assim: "tudo o que é demais...é moléstia..."

O povo português está "demasiado molestado" com a CE...não que eu seja contra a nossa permanencia na Europa a vinte e tantos...
Mas o mais visível da nossa entrada (para além de muitas estradas...de alguns que enriqueceram com os subsídios para fazer... e não fizeram...)
Pois como ia dizendo: o mais visível são os campos a tornarem-se autenticos matagais e as prateleiras das grandes e pequenas superfícies...carregadas de tudo o que é do resto da Europa e nós (os mais velhos), a lembrarmo-nos: mas o que é feito disto...o que foi feito daquilo...

É caso para dizermos: a caravana vai passando...e nós a vê-los passar...



De pouco nos servirão as propaladas victórias que todos os dias ouvimos ao nosso 1º...com o apoio do 1º da Europa...

Maximino

Anónimo disse...

A ASAE está cada vez a se tornar uma espécie de PIDE ao serviço do Club Rose ou de alguns amiguinhos desse mesmo Club porque nas suas novas normas de higine roçam o ridículo além de violarem o meio ambiente e as tradições mais enraizadas em Portugal e tais medidas que não acham igual a mais nenhum canto da União Europeia, restrições que nos fazem perguntar se vamos comer "caca" ou se podemos respirar.

As novas medidas da nova PIDE vão desde obrigar-nos a beber café em copos de plástico como proibir em definitivo os produtos alimentares sem emabalagem, acabar também com as chávenas de procelana para o chá ou leite e também obrigar ao fim dos copos de vidro e se esses nojentos se dessem ao trabalho de ficarem mais cultos iriam ver que nem na Inglaterra servem o chá em copos de plástico ou nem a velha Itália onde o vício de café é tão grande como em Portugal se atrevem a fazer tal blasfémia.

Nem sei qual foi a mente doentia da palstificação das nossas tradições buscar essas ideias sórdidas quando se diz que se tem que reduzir o uso dos plásticos e afinal esses arrogantes da ASAE querem aumentar esse mesmo uso e queria saber se temos que comer pasteis de nata envolvidos em celofane mesmo quentes ou vemos carcaças embaladinhas em sacos individuais ou temos que comprar coisas a mais quando apenas queremos umas quantas unidades...

Anónimo disse...

Subscrevo tudo o que já foi dito pelos comentadores, mas acrescento:

Esta cruzada, tem sido feita em nome da Saude Pública, pois bem, a saúde dos Portugueses, é a ultima preocupação do Governo, ou dos inspectores da ASAE, a verdadeira razão de todo este alarido, é o DINHEIRO, por muitas voltas que estas coisas dão, vai sempre parar ao bolso da alguém...

Os regulamentos HACCP, tiveram a sua origem nos EUA, passaram por Bruxelas, e desembarcaram em Portugal.
Como é sabido, nos EUA, a legislação é aprovada através dos lobbys, existentes na capital, neste caso especifico temos, as empresas de papel, de inox, de detergentes, e de electrodomésticos. A única razão de muitas regras, têm haver exclusivamente com os interesses desta gente.

Na maior parte dos paises da Comunidade Europeia, a aplicação da lei, foi mais suave, mas em Portugal acontecerem 2 situações que provocaram esta Guerra:
-Nos ultimos anos, tinha havido 2 situações, que fizeram os Portugueses desconfiados, sobre a qualidade da comida, primeiro foi o caso das Vacas Loucas, e depois os Nitrofuranos, a insegurança alimentar era uma realidade, assim para voltar a dar a sensação de segurança, nos alimentos, nada melhor do que a ASAE, apesar de as grandes agro-alimentares terem sido as responsáveis pela insegurança, nada melhor do que pôr, os pequenos comerciantes a pagarem, esta campanha de publicidade enganosa. Sim publicidade enganosa, porque as agro-alimentares continuam a dar as mesmas procarias aos animais, e não é o tratamento que os alimentos têm no restaurante, que vai alterar, seja lá o que for...
Curioso, que as empresas responsáveis pelos Nitrofuranos, em vez de serem penalizadas, receberam subsidios por quebra nas vendas !!!
-Se existe alguma coisa que o Português gosta, é de TACHO, e de Poder...
A quantidade de Tachos, que esta lei cria é assustadora, o numero de Engenheiros, e técnicos Alimentares, que aparaceram é fenomenal, as empressas de consultadoria, as empresas de Prevenção de Pragas, que mesmo sem um único bicho, recebem, e não é pouco.
A pouco tempo num blog, li a seguinte descrição, por parte de um Português que vive na Dinamarca:'Tenho um amigo Dinamarquês que trabalha na ASAE da Dinamarca, e à pouco tempo, foi a um congresso internacional, com outros colegas, incluindo os Portugueses. Ficou extremamente supreendido, quando os Portugueses presentes, se gabavam de terem prendido várias pessoas, e fechado muitos restaurantes, é que na Dinamarca o trabalho dele, tem mais uma prespectiva pedagogica...!!!'
Pois é, os Portugueses gostam de mandar, nem que seja no cão !!!

Numa conversa, com uma inspectora das ASAE, recentemente, ela contou-me uma história maravilhosa:
Ela foi a um casamento, de um amigo, companheiro de curso, que agora é dono de uma empresa de catering, os convidados era praticamente todos, funcionários da ASAE, ou trabalhavam em catering, muitos Engenheiros Alimentares, a boda foi servida pela empresa de catering do noivo, e quando tudo parecia correr bem, os convidados começaram a sentir-se mal, praticamente toda a gente tinha apanhado um INTOXICAÇÃO ALIMENTAR...!!!'
Justiça divina, alguns poderão dizer, para mim é mais uma prova, de que os regulamentos 'estúpidos', não asseguram a qualidade alimentar, existem só, para alguém ganhar uito dinheiro...