segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Já EÇA dizia... afinal, talvez estejamos em 1871!

(de um outro comentário)
"As Farpas" de Eça de Queirós
«O país perdeu a inteligência e a consciência moral.
Os costumes estão dissolvidos, as consciências em debandada, os carácteres corrompidos.
A prática da vida tem por única direcção a conveniência.
Não há princípio que não seja desmentido.
Não há instituição que não seja escarnecida.
Ninguém se respeita.
Não há nenhuma solidariedade entre os cidadãos.
Ninguém crê na honestidade dos homens públicos.
Alguns agiotas felizes exploram.
A classe média abate-se progressivamente na imbecilidade e na inércia.
O povo está na miséria.
Os serviços públicos são abandonados a uma rotina dormente.
O Estado é considerado na sua acção fiscal como um ladrão e tratado como um inimigo.
A certeza deste rebaixamento invadiu todas as consciências.
Diz-se por toda a parte: o país está perdido!»
in primeiro número de "As Farpas" 1871.

5 comentários:

Anónimo disse...

De facto as farpas do nosso querido Eça são de uma actualidade que considero impressionante, embora penso que hoje estamos bem pior do se estava naquela época. Então em matéria de respeito, nem se fala. É a minha opinião, meus caros, adiante desenvolverei se assim o entender.

Estou espectante com os comentários dos ilustres comentadores (excluo os da Má Lingua, óbviamente).

Cumpts, Carlos Pinto Machado

Anónimo disse...

Já conhecia o texto, mas sempre que o volto a ler, não posso deixar de pensar, que o Eça além de tudo o resto, era Profeta!!!, até o Nostrodamos terá inveja, de nunca ter previsto, algo tão evidente...

Anónimo disse...

Meu Caro Abidos,

Eu penso que neste caso o Eça conhecia muito bem a "matéria prima" de que é feito o nosso povo, e muito melhor a sociedade do seu tempo.

Ainda assim, penso que a sociedade daquele tempo era mais respeitadora quanto aos principios, à honra, à palavra.

Diria que não há uma sociedade perfeita, nem nunca haverá...

E a haver no campo meramente das hipóteses, a sociedade portuguesa estaria certamente muito longe disso,principalmente por causa da mentalidade do nosso povo que tem ainda muito para crescer e amadurecer.

Cumpts, Carlos Pinto Machado

Anónimo disse...

Se a "palavra de honra" perdurasse no tempo e na mente humana, quanta burocracia se evitava?
Mas não, já o Direito nasceu da necessidade de por os pontos nos "is", de formular normas de conduta, entre os homens devido à desvirtuação da palavra de honra.
Hoje já é tão raro e difícil ouvir dizer: "esse é homem de confiança… de uma só palavra".
Hoje, com a ânsia de usufruir dos bens do progresso... o egoísmo tomou mais forma.
É uma expressão já tão pouco usada e respeitada. Ou não se usa, ou quando usada é tão vulgarizada que já está destituída de conteúdo.
Poucos são os que respeitam a sua palavra. Não se pode fazer fé na palavra de muitos, como sejam os políticos e afins. Quando algum deles sai deste conjunto é uma raridade. Ainda tenho um ou outro amigo na política que confio na sua palavra, mas o que se vê e ouve, aponta em sentido contrário.
Era mais respeitado a palavra de honra no tempo dos meus avós e mesmo dos meus pais que hoje uma escritura. Quantas vezes empenharam a sua palavra e a respeitaram, eu sei. Como estou orgulhoso de ser descendente de quem assim procedeu.
Bem, é passado, e a realidade actual é bem diferente.

Anónimo disse...

Então não está para breve a mudança?!!!!
Ora bolas, 137 nos depois só mudou a moda!