segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Factor “C”- é o que está a dar

A corrupção, também conhecida como cunha, jeitinho, favorzinho, atençãozinha (entre muitos outros epítetos carinhosos), é o acto de aceitar uma qualquer forma de gratificação para facilitar a vida a alguém de forma menos legítima e mesmo que isso possa prejudicar terceiros. A gratificação referida pode ser feita na forma de objectos, dinheiro ou favores. Além disso, a corrupção pode ser activa ou passiva, característica que partilha com o sexo, actividade que também é usada com frequência como forma de pagamento.
As suas origens remontam à pré-história, como se verifica nas pinturas rupestres das grutas de Lascaux onde se vêem duas figuras humanas envolvidas num ritual de passagem de um envelope arcaico cheio de notas (possivelmente folhas de árvore secas) para conseguir um melhor quinhão de carne de mamute. Séculos mais tarde, de acordo com a “Odisseia” de Homero, os gregos conseguiram entrar nas muralhas de Tróia servindo-se de um subterfúgio não previsto pelo regulamento da guerra e viram-se forçados a enviar um grupo de prostitutas hititas aos aposentos dos árbitros do conflito para que fechassem os olhos à infracção e não os desqualificassem.
Nos moldes em que hoje a conhecemos, a corrupção moderna foi criada em meados do século XVIII por dois primos portugueses, Sebastião e Alfredo da Cunha, dois boticários de Lisboa que baptizaram a sua invenção com o nome de uma sopeira conhecida de ambos, Maria da Corrupção de Jesus. Ironicamente, a invenção foi bem-intencionada, pretendendo-se apenas criar um modo de contornar a burocracia de uma administração ineficaz e facilitando a vida aos cidadãos.
Hoje em dia, a corrupção está disseminada por todo o mundo mas com incidências muito diferentes nos vários países. Nalguns está praticamente extinta, enquanto noutros continua a proliferar. Não surpreende que tenha sido elevada à condição de arte em Portugal, o seu berço, onde é cultivada de tal forma que se tornou invisível para muitos portugueses, passando de prática condenável a elemento inseparável da identidade nacional.

19 comentários:

Anónimo disse...

O verdadeiro problema é que estes senhores andam impunes e livres de qualquer responsabilização criminal. Nada lhes acontece e por uns pagam todos aqueles que são honestos e vivem na honradez das suas singelas vidas...
O que mais assusta é que os nossos políticos só podem andar a brincar e a ocultar verdades, quando aos grandes investimentos… 3500 milhões de euros foi o total de dinheiro injectado pela CGD no BPN depois de nacionalizado. Este valor já supera em 500 milhões de euros o custo estimado para o novo aeroporto de Lisboa.
Em Espanha e segundo o DN a corrupção já rende mais do que a droga…

Enquanto não começarem a pendurar uns quantos “corruptos” nos postes de electricidade isto não vai a lado nenhum. Ou melhor, vai. Mas vai para um sítio muito pouco recomendável.

Anónimo disse...

Pois é, escroques com poder que lhe advém, muitas vezes, do poder político que obtiveram por atribuição partidária ou até obtido em eleições democráticas, que aprenderam a condicionar e a manipular à sua maneira, usando o poder que obtiveram. Mas escroques com poder político é mesmo o pior que pode acontecer à democracia. Não admira que a nossa democracia esteja neste atoleiro.
A corrupção é mesmo uma questão de Estado na nossa democracia, a luta contra a corrupção tal como ela é levada a cabo pelo Estado é entendida por muitos como omissa. Nada mais errado: a omissão é mesmo a "política contra a corrupção" do Estado português. Omissão e cumplicidade. Crime sem castigo.

Anónimo disse...

Pois é...
Muitos de nós desejamos ver punidos os corruptos, mas esquecemo-nos de uma coisa fundamental...:
É que muitas das Leis que infelizmenmte temos no nosso País...foram cozinhadas por políticos já de si corrumpidos ...é que eles o que não são é estupidos e por isso, antes que lhes caisse o mal em casa própria, trataram de cozinhar as Leis de molde a deixá-las com os buracos necessários, para que um bom advogado (normalmente também ele ligado ao sistema...)possa manobrar os cordelinhos e conseguir com isso que os Tribunais não possam condenar os presumíveis culpados...
Somos quase um País de arguídos em que todos ou quase (também há pobres e abandonados no meio disto...)acabam por ficar ilibados...e muitas vezes até compensados por chorudas indemnizações...!!!
Confesso..que não vislumbro melhoras...!!!

Maximino

Anónimo disse...

O principal negócio dos portugueses sempre foi... o comércio de... favores... E o principal desporto o... jogo da cunha...ainda por cima a gente com genes de terceira categoria....

....donos da quinta são capazes de roubar uma abóbora ao vizinho.....

...e acham que está tudo bem...

Boa noite que vou mas é beber uma ginjinha de Óbidos...

Anónimo disse...

Há uns meses, foi capa de Jornais o facto de 40% dos processo em investigação,sobre corrupção, terem que ver com as Autarquias. Alguém foi constituído arguido ou preso?

Anónimo disse...

O Isalino Morais e o Major Valentim Loureiro ganharam as últimas eleições depois dos processos judicias.
É assim o prestígio da nossa democracia.

Anónimo disse...

Quando ouvimos falar de mais um caso de corrupção somos impelidos a defender e a pugnar que o Estado tem de tomar as rédeas da prevenção e gestão do risco desta calamidade.
Que cada vez é mais se evidencia como um insanável e endémico crime público.
Em termos de contágio mais virulento do que a "gripe A"...

Mas os cidadãos portugueses vivem um clima em que o espantalho de um pântano de corrupção e das ilegalidades prolifera fora do alcance e do controlo democrático.

Um exemplo paradigmático é o caso BPN - decorrente da crise 2008-09 - e, que parece entroncar-se – embora com outras vertentes - na mesma matriz de corrupção da actual operação “Face Oculta”.
Neste momento, o caso BPN depois de inquéritos parlamentares, aturadas investigações, o resultado depois de um período de detenção domiciliária é uma “pulseira electrónica” e milhões de euros fora dos bolsos dos contribuintes.

Esperemo-nos que a catadupa de casos de corrupção que continua a confrontar a vida pública e de negócios portuguesa venha a reconhecer esta lúcida premonição de Engº Cravinho:
- O Governo tem de avançar para uma política sistemática de prevenção e gestão do risco de corrupção.

Os temas sociais fracturantes, como os que actualmente estão na berra, não podem protelar este candente e emergente problema nacional.

Uma sociedade límpida, transparente e justa deverá ser, para a República, uma tarefa prioritária.

Cem anos, deveria ter dado tempo para construí-la...

Anónimo disse...

E porque será que não deram ouvidos ao Engº Cravinho...?

Maximino

Anónimo disse...

João Cravinho apresentou no Parlamento várias propostas para combater a corrupção. Aprendeu rapidamente que há discursos que não passam disso mesmo. Conversa. O PS enviou-o para uma reforma dourada e rapidamente se esqueceu das suas medidas...

Anónimo disse...

Os arguidos nos casos de corrupção, mesmo condenados em primeira instância, proclamam inocência, declaram ser vítimas de “linchamentos”, recusam abandonar os seus cargos públicos e esperam deixar de ser notícia, quando vier à baila o caso seguinte. Este sentimento de impunidade, a quase certeza que todos têm de que nunca serão condenados, não é só preocupante. É nojento!

Anónimo disse...

Portugal é um País envergonhado.
São cada vez mais os implicados, ou supostamente implicados, ou alegadamente implicados, ou moderadamente implicados, em processo de corrupção. E, nesses casos, o mais importante não será a fraude, ou o dinheiro que circulou escondido, ou os carros que serviram de presentes pelos favores recebidos ou a receber. O mais importante é o nível dos responsáveis. É que eles são muitos e estão nos mais altos cargos da economia do nosso País.
Portugal é um País envergonhado.
Mas continuamos a aceitar estes senhores. Continuamos a votar neles. Continuamos a querer ser ricos, depressa e a mal ou a bem, e a aceitar como evidente e fruto dos espertos, estes malabarismos mal cheirosos.
Portugal é um País envergonhado.
Mas os Portugueses não parecem ter vergonha. Poucos são os que realmente lutam contra este estado de coisas. O nível moral dos nossos concidadãos, está pelas ruas da amargura. Os culpados que toda a gente conhece, raramente vão presos. Têm muito dinheiro e influência.

Anónimo disse...

Cândida Almeida, procuradora da Procuradoria Geral da República, que dirige o Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP) desde 1999, em declarações à Comunicação Social, a propósito dos últimos acontecimentos que admitem um "Polvo" em Portugal, afirmou:


"Estou preocupada porque vejo pessoal credível envolvido".


Ó Dra. Cândida Almeida, as pessoas credíveis não se metem nas lixeiras. Vamos ver, agora, se o DCIAP tem coragem para se meter com as "pessoas credíveis".
Os portugueses esperam que não haja paninhos com água morna para tratar a saúde da nossa democracia.

Anónimo disse...

Vivemos num País de vigaristas e de vigarices. E, desde à alguns anos a esta parte, a principal ideia que transmitimos aos nossos filhos, é a de que devem ser "espertos" para poderem ter poder e ser ricos, não interessando o que se faça, desde que surta efeito.

Anónimo disse...

Quando foram lançadas suspeitas sobre o comportamento fiscal de António Vitorino, quando este era ministro da Defesa, o conhecido dirigente deu um exemplo de dignidade ao demitir-se, abriu um precedente a que muitos designaram como exemplo e modelo de ética republicana.

Agora, José Penedos, presidente da REN, é acusado de algo muito pior e reage de forma oposta, afirma a sua inocência e recusa-se a demitir-se, talvez por recear que um pedido de demissão seria a admissão da culpa. Como se isso não bastasse a REN vai encomendar uma auditoria externa para analisar os negócios realizados com o sucateiro, homem que há muito deveria ter sido banido dos negócios com o Estado ou empresas com participação estatal.

É óbvio que a auditoria externa não vai apurar nada, mesmo que tivessem sido bons os negócios realizados com as empresas do Godinho isso não significa que não tenha havido corrupção. Além disso, as conclusões da auditoria não se sobreporão às das investigações, apenas servirão para Silva Penedos as usas em sua defesa, o que significa que estará a usar o dinheiro da empresa.

Anónimo disse...

Como diz Miguel Sousa Tavares, "não há Máfia em Portugal, porque não é preciso ameaçar gente com uma pistola. Basta abanar umas notas".

Anónimo disse...

Vara demitiu-se ou foi obrigado a isso?

Anónimo disse...

Não se demitiu, pediu a suspensão.

Anónimo disse...

De acordo com a edição de hoje do "DN", Armando Vara vai abdicar de 34 mil euros por mês, com a suspensão do seu mandato, um valor que corresponde a 480 mil euros por ano.

Anónimo disse...

Enquanto a Galp e a EDP se multiplicam em campanhas publicitárias pró-ambiente, os seus quadros divertem-se conduzindo automóveis com uma emissão do malfadado CO2 estimada, no mínimo, em 350g por cada quilómetro percorrido. O facto de os ditos automóveis terem origem na reciclagem não serve de desculpa para este "crime ambiental".