terça-feira, 8 de julho de 2008

Nova escolinha com dentinho lavadinho

A partir de Setembro começa a funcionar o Complexo dos Arcos, um novo conceito de espaço escolar, que irá receber as crianças das freguesias de Santa Maria, S. Pedro e Usseira, a frequentar o primeiro e segundo ciclos.
Com a nova lei de transferência de competências para as autarquias, é possível a autarquia intervir em domínios até aqui reservados ao Ministério da Educação. A saúde oral já fazia parte do Programa Nacional de Promoção da Saúde Oral, mas não era extensível a todos os alunos e previa apenas a formação e prevenção. Com este programa tudo indica que haverá uma maior abrangência e intervenção ao nível do diagnóstico e tratamento.
Este novo modelo de escola, como é apresentado, aposta também em equipas especializadas de apoio aos alunos, com um reforço do gabinete de apoio à família. Ali haverá terapia da fala, intervenção pedagógica, terapia de casal e familiar, avaliação e acompanhamento psicológico e um programa de actividades culturais e desportivas para famílias.
Parece que a Câmara e o Agrupamento de escolas estão a rentabilizar os recursos existentes. Ao juntar num mesmo espaço o SIS, o SPO e o Gabinete de Apoio Educativo – estruturas já existentes, mas a trabalhar em separado – conseguem, de facto, um projecto piloto.
Os alunos que vão frequentar o complexo terão actividades de enriquecimento curricular nas áreas de inglês, música, apoio ao estudo e Mind Lab (programa para ajudar ao desenvolvimento de competências nas crianças). Além disso, poderão usufruir de áreas opcionais inseridas no programa “Descobre o teu talento”, onde poderão ter aulas de música, artes plásticas, teatro e palavras criativas, artes circenses, ballet, hip-hop, judo, artes áudio visuais e ciência divertida.
Neste aspecto, além do que a legislação obriga ao nível do enriquecimento curricular, os encarregados de educação, com toda a certeza, estão satisfeitos por deixarem de “ser taxistas”. Já não precisam de conciliar horários / trabalho: tudo é desenvolvido na escola.
No novo complexo escolar os meninos não irão utilizar giz nem quadros de ardósia, mas antes quadros interactivos, a que serão acrescentados computadores portáteis e a existência de internet sem fios (wireless).
É de salientar a ênfase dado “aos meninos”. E os professores? Estarão preparados para usar “apenas” o quadro interactivo? Os professores do 2º ciclo já os usavam (?) na escola sede do agrupamento, mas talvez haja urgência de uma formação nas novas tecnologias.
Este projecto educativo defende também uma mais intervenção da parte dos pais. “Orgulhamo-nos de dizer que esta escola tem a maior sala para os pais. São 70 metros quadrados que esperemos ver usados por eles”, disse o presidente da Câmara, Telmo Faria.
É sabido que só conseguiremos ter um ensino de qualidade quando os pais participarem efectivamente na escola. Atribuir-lhes uma sala condigna pode ser um grande passo (mas diz-se por aí que as salas de aulas são mínimas, com capacidade para, apenas, 24 alunos e a biblioteca idem).
“Valorizar a escola implica também apostar numa imagem própria”, defenderam, tendo inclusive já sido criado um logótipo, loiça e material escolar, fardas para funcionários e uniformes com o nome “Escolas d’Óbidos”.
Os uniformes são facultativos (sendo uma escola pública não os poderia tornar obrigatórios); esperemos que as atitudes correctas para frequentar tão “nobre” espaço sejam obrigatórias: que as plantas ornamentais e a decoração de elites resistam à ânsia de aprender… de facto “É mais fácil construir um menino do que consertar um homem.”
Confrontado com as questões sobre os custos que os pais teriam que pagar para ter os seus filhos a estudar nesta escola, o presidente da Câmara explicou que não será paga nenhuma propina e que apenas terão que custear as actividades extras que os seus filhos frequentarem.
Ouviu-se falar em colégio. Pelos visto a ideia está aí, com uma pequena diferença: ninguém paga propinas e a CMO não coloca os professores (braço de ferro que não conseguiu vencer com o ME).
Ao lermos este artigo da Gazeta das Caldas, o sucesso parece já garantido. Mas ninguém refere a qualidade do ensino, a exigência… lembremo-nos da máxima de Einstein “O único lugar onde o sucesso vem antes do trabalho é no dicionário.”

5 comentários:

Anónimo disse...

Estou cheio de interesse, para ver como vai o meu neto daptar-se a essa nova forma de ensino...

Maximino

Anónimo disse...

Sr Maximino o seu neto vai adaptar-se a este novo espaço que é agradável e tem salas acolhedoras.
O projecto está bem concebido e julgo que por ter sido inovador em termos de conceito existem pequenos detalhes que não foram devidamente tratados nomeadamente o dimensionamento de alguns espaços (a biblioteca tem sensivelmente a mesma área da já famosa sala de encarregados de educação)
Quem provavelmente irá sentir algumas dificuldades e provavelmente algumas dores não de dentes mas de cabeça será um grupinho embora restrito de docentes do 1 ciclo com as novas tecnologias. Mas parece que a CMO já arquitectou numa solução(...)

Anónimo disse...

Não disse acima, mas para além de estar cheio de interesse, estou também confiante de que ele as outras crianças se adpatarão à situação...
Como vão longe (e neste caso ainda bem...), os longínquos dias (ou melhor, anos...)em que o avô começou a dar os primeiros passos na aprendizagem...num negro quadro de ardósia...!!!

É bom que as nossas crianças possam ter boas condições de aprendizagem, mas não esqueçam os pais, as responsabilidades que lhes cabem...a partir de casa e também, junto da Instituição Escola...

Maximino

Anónimo disse...

Então e as fardinhas de que cor serão, laranjas?
Haverão certamente muitos pais que não podem gastar dinheiro em fardas, vai a Câmara suportar esses gastos, ou vão haver alunos de 1ª e alunos de 2ª. O Presidente deve pensar que aquela escola é o seu colégio particular.

Anónimo disse...

Então e as fardinhas de que cor serão, laranjas?
Haverão certamente muitos pais que não podem gastar dinheiro em fardas, vai a Câmara suportar esses gastos, ou vão haver alunos de 1ª e alunos de 2ª. O Presidente deve pensar que aquela escola é o seu colégio particular.