sábado, 19 de julho de 2008

ASSISTENCIALISMO

A pobreza em Portugal é persistente. A oposição defende mais apoio aos pobres. O Governo toma medidinhas. Mas há uma pergunta que fica sempre por responder. Porque é que ainda existe pobreza? Antes de se tomarem novas medidas de combate à pobreza, talvez valha a pena descobrir porque é que os inúmeros mecanismos de combate à pobreza que já existem não estão a produzir resultados. Se os pobres já têm direito a habitação social, educação gratuita, saúde gratuita e rendimento mínimo garantido, porque é que ainda são necessários mais mecanismos de combate à pobreza?
Os mecanismos de combate à pobreza são eles próprios mecanismos de empobrecimento da sociedade. Por regra, não produzem riqueza. São mecanismos que se limitam a transferir riqueza produzida pelos membros mais produtivos da sociedade para os membros menos produtivos. Os pobres ficam com os seus problemas de curto prazo resolvidos, mas não adquirem os hábitos de trabalho nem os conhecimentos necessários para produzir riqueza. Os pobres não passam a produzir riqueza. Ficam cada vez mais dependentes do Estado.
Os mecanismos de combate à pobreza deviam ser mecanismos de emergência, mas não são. São direitos permanentes que funcionam como um desincentivo à criação de riqueza. Quem tem as suas necessidades económicas básicas satisfeitas, não precisa de estabelecer relações económicas responsáveis com os seus pares nem precisa de desenvolver uma actividade económica permanente. Os efeitos são particularmente devastadores em comunidades imigrantes com problemas de integração. Os mecanismos de combate à pobreza tornam estas comunidades dependentes do Estado, mas auto-suficientes em relação ao resto da sociedade. Os membros destas comunidades não precisam de entrar na economia formal externa à sua comunidade nem de se adaptarem às normas de conduta da sociedade em que supostamente vivem. Os mecanismos de combate à pobreza tornam-se assim em mecanismos de perpetuação da pobreza e fonte de comportamentos irresponsáveis e de exclusão social.

5 comentários:

Anónimo disse...

"...Os mecanismos de combate à pobreza são eles próprios mecanismos de empobrecimento da sociedade. Por regra, não produzem riqueza..."
É uma pena que os mecanismos de combate à pobreza não passem na sua maioria pelo pôr em prática o velho ditado chinês: "...não dês o peixe...dá a cana e ensina a pescxar..."
Há muita gente, cuja principal pobreza é a "falta de cabeça", para organizar a sua vida e dar-lhe a volta positivamente...deverão ser ajudados a mudar a sua mentalidade...
Os actuais programas de combate à pobreza, permitem em muitos casos a proliferação de oportunistas e "malandros" que fogem do trabalho como o diabo da cruz...
Há formas de combate à pobreza, que apenas deveriam ser usados para acudir... a crianças, jovens ainda não em idade de trabalhar, a doentes e a idosos...a todos os outros, deveriam ser dados os subsídios...sempre a troco de trabalho...
Compreendo não ser fácil, evitar não ser enganado por tanto "habilidoso" que não tem vontade de trabalhar e se limita a receber o rendimento mínimo garantido......a troco de nada...!!!
Não devia haver lugar a essas situações...!!!
Todo o individuo com capacidade para o trabalho, "deveria ser obrigado" a dar qualquer coisa em troca, para a sociedade que lhe dá o rendimento...
Era mais moral...era mais digno até para quem recebe...e era mais justo...!!!
Como as coisas estão...não concordo...!!

Maximino

Anónimo disse...

A caradidade cristã manda dar de comer a quemm tem fome. Isto num primeiro momento. Depois, mais importante do que dar peixe é ensinar a pescar.
Estas ajudas do Estado deviam ser permanentes apenas para os idosos, crianças e doentes.
Quem tiver condições para trabalhar deve ter ajuda limitada no tempo. Se não encostam-se ...

Anónimo disse...

Cerca de 90% da população activa residente na Quinta da Fonte beneficia do Rendimento Social de Inserção, de acordo com dados da Câmara Municipal de Loures. E muitos, apesar de pagarem rendas de 4,26 euros por mês, devem neste momento à autarquia quantias que chegam aos oito mil euros. No entanto, basta passar pelo bairro – que voltou a ser notícia depois dos tiroteios da semana passada – para ver automóveis e carrinhas novos cujo valor ultrapassa, em vários casos, os 30 mil euros. O presidente da Junta de Freguesia da Apelação admitiu ao CM que durante a recolha de dados para os Census 2001, em que ajudou os técnicos a fazer o levantamento dos dados na Quinta da Fonte, viu "casas muito bem apetrechadas.

Mais equipadas do que as de muitos habitantes, que tiveram de pagar para viver naquele bairro", diz José Alves. Ainda esta semana, um elemento da comunidade cigana que usufrui do Rendimento Social de Inserção queixava-se à imprensa de ter visto a sua casa assaltada. "Até o [televisor de] plasma levaram" lamentava…

Anónimo disse...

Parece que em Portugal há pobres de primeira e pobres de segunda classe, os de segunda classe são os que trabalharam toda a vida, pagaram impostos e segurança social e que vivem em casas degradadas ou suportam rendas caras e beneficiam de pensões miseráveis. Os pobres de primeira classe nunca descontaram, quando trabalham fazem-no no mercado paralelo e sentem-se no direito de serem mantidos pelo Estado.

Anónimo disse...

A verdade é que o Estado dá a muitas das famílias (pobres) mais do que ganhariam trabalhando e muito mais do que dá a muitos milhares de outros portugueses que trabalharam e descontaram toda uma vida, nunca tendo recebido uma casa do Estado e que vivem com pensões bem menores do que o rendimento mínimo.